Compra de votos, fraudes e eleições indiretas. Você pode estar pensando que estamos falando mais uma vez do vale-tudo que marca as eleições na América Latina. No entanto, essas são também características do processo eleitoral nos EUA.O sistema eleitoral norte-americano é profundamente antidemocrático. Como em toda democracia burguesa, as grandes empresas decidem sobre as candidaturas mais importantes, com um financiamento bilionário dos republicanos e democratas.

Além disso, o presidente não é eleito pelo voto popular, mas por um Colégio Eleitoral formado por 538 delegados. Cada um dos 50 estados do país envia um determinado número de delegados a esse Colégio, baseado no tamanho de sua população e de sua representação no Parlamento. O candidato vencedor nos estados fica com todos os delegados do Colégio Eleitoral. Por exemplo, se um candidato ganha as eleições em um estado com 51% dos votos, o candidato que recebeu 49% fica sem nenhum representante deste estado no Colégio Eleitoral.

Dessa forma, acontecem distorções, como nas eleições presidenciais de 2000, que elegeram Bush como presidente, apesar de ter sido derrotado pelo voto popular.

Democracia fraudulenta

Votar nas eleições norte-americanas é tarefa para poucos, e não é só porque o voto não é obrigatório. As dificuldades para quem quer votar são muitas, começando pelo fato das eleições acontecerem em um dia útil, o que obriga os trabalhadores a faltarem um período de trabalho para votar. Todo eleitor tem de se inscrever obrigatoriamente antes, o que o leva a perder mais um dia de trabalho.

Tirando proveito dessa situação, democratas e republicanos realizam um fraudulento esquema de inscrições e destroem os cadastros de pessoas que se identificam como não sendo seus eleitores. Os republicanos recorrem também a vários tipos de manobras para tentar suprimir o voto dos bairros pobres onde o repúdio a Bush é maior.

O documentário anti-Bush de Michael Moore denunciou esse esquema fraudulento amplamente utilizado no estado da Flórida – governado pelo irmão de Bush – nas eleições de 2000. O resultado foi a invalidação dos votos de milhões de eleitores negros e latinos, considerados potenciais eleitores dos democratas.

Como não há nenhum controle federal sobre as inscrições, muitos eleitores acabam sendo credenciados para votar em mais de um estado. O jornal Daily News, de Nova York, comprovou que, nas eleições de 2000, vários eleitores confirmaram que teriam votado em Nova York, no entanto, seus nomes apareceram como eleitores também na Flórida. Votar mais de uma vez é considerado crime federal nos EUA. No entanto, o próprio Daily News reconhece que não há forma de evitá-lo, pois não existe uma Justiça Eleitoral nacional para impedir o voto duplo.
Post author
Publication Date