O PT passou longos anos antes de assumir o governo convencendo os trabalhadores que essa democracia dos ricos era a via para mudar o País. Bastaria ganhar as eleições e ter “ética na política”, acabando com a corrupção, para mudar. O centro da atividade do PT eram as eleições. A reforma do capitalismo no plano econômico se completaria com a reforma no regime político, com o banho de “ética” do governo petista.

A realidade demonstrou que o PT não reformou o regime. Ao contrário, o regime transformou a “ética” petista nas cuecas com dólares, nas malas de dinheiro de Delúbio Soares.

Os socialistas defendem, ao contrário, que esse regime “democrático” é dirigido pelo grande capital. As grandes empresas controlam os meios de comunicação, corrompem os partidos para fazê-los acatar um programa “aceitável”, e ganham as eleições, mesmo com partidos de “oposição”. A corrupção é só a expressão mais clara de um regime “irreformável”.

Por este motivo, não acreditamos que as mudanças reais no País possam vir pelas eleições. Assim, priorizamos as lutas diretas dos trabalhadores da cidade e do campo, porque apontam para a perspectiva de uma revolução socialista. Essa revolução, para que venha a existir no futuro, terá de ser preparada com a elevação do nível de consciência e organização dos trabalhadores. A participação eleitoral é importante – e a eleição de parlamentares –, mas a serviço desta estratégia.
Isso está em debate na estratégia da frente. Vamos retomar o discurso da “ética na política” petista? Vamos retomar o vale tudo para ganhar votos, rebaixando o programa e nos afastando das lutas, como as ocupações de terras ou greves, porque “levam a perder votos”? Ou vamos utilizar a frente eleitoral para fortalecer as lutas diretas dos trabalhadores da cidade e do campo?

Alguns setores defendem o discurso da “ética” e a priorização das eleições, argumentando com o exemplo dos pequenos resultados eleitorais do PSTU. Alguns nos acusam de não dar nenhuma importância à eleição de parlamentares, o que não é correto.

Mas é verdade que priorizamos as lutas diretas, e nos orgulhamos disso. Rejeitamos o curso seguido pelo PT. Como num passe de mágica, esses companheiros retiram do debate o desastre petista para acenar com a ameaça de um resultado eleitoral desfavorável. Os pequenos resultados eleitorais do PSTU foram conquistados sem o aparato eleitoral petista, e, além disso, num momento de fortalecimento do PT. A realidade agora é mais favorável, pelo desgaste do governo Lula. Mas a democracia dos ricos nunca possibilitará uma mudança real do País através das eleições.
Por isso, não temos por que repetir o discurso da “ética na política”, tradicional do PT, ou rebaixar o programa de ruptura, para ganhar votos. Devemos sim apostar que essa frente eleitoral possa ser um ponto de apoio para as lutas diretas dos trabalhadores
Post author Ernesto Guerra, de São Paulo
Publication Date