Para enfrentar a crise, Lula dá bilhões a banqueiros e empresáriosNos últimos anos, mesmo com o crescimento da economia mundial, aumentou também a desigualdade social. Agora, a crise e a recessão irão afetar principalmente os mais pobres, aprofundando tal desigualdade e provocando desemprego em massa. É o que aponta o estudo da OIT (Organização Internacional do Trabalho), “Relatório sobre o trabalho no mundo 2008: desigualdade de renda na era das finanças globais”, divulgado no dia 16 de outubro.

“A crise financeira que se desenvolveu durante os últimos anos e que foi desencadeada em agosto representa uma das maiores ameaças para a economia mundial na história moderna. A restrição do crédito e o colapso do mercado de valores começam a afetar os investimentos das empresas, os rendimentos dos trabalhadores e o emprego. Algumas economias desenvolvidas estão praticamente em recessão e o desemprego está aumentando”, aponta o relatório.

O relatório revela que, mesmo com o crescimento da economia, diminuiu a participação dos salários na renda nacional da grande maioria dos 73 paises pesquisados. Os efeitos da crise levaram a OIT a prever um aumento de 20 milhões de desempregados no mundo até 2009, passando dos atuais 190 milhões para 210 milhões de trabalhadores sem emprego. Será a primeira vez na história que o número de desempregados ultrapassará os 200 milhões.

O número de desempregados deve aumentar inclusive no Brasil, onde a OIT constata que a produtividade dos trabalhadores, entre 1990 e 2005, aumentou muito mais que os salários.

Inadimplência
Outro aspecto levantado pelo relatório dá conta do alto endividamento das famílias. Fenômeno que não se restringe à economia norte-americana. Na medida em que os salários não acompanharam a produtividade e o crescimento econômico, o consumo foi incentivado através do crédito. Com isso, grande parte dos trabalhadores contraiu empréstimos.

Num cenário de inflação, aumento dos juros e desemprego, esse endividamento vai inevitavelmente se transformar em inadimplência. Como já vem ocorrendo no Brasil. A inadimplência em setembro deste ano foi 15% maior que a do mesmo mês no ano passado. De janeiro até agora, o número de pessoas que não conseguiu pagar suas dívidas aumentou 7,6%, segundo o Serasa.

Um programa dos trabalhadores para enfrentar a crise
A crise econômica já começa a afetar a vida dos trabalhadores. Tanto o governo quanto os banqueiros e empresários se preparam para enfrentar o difícil período, jogando suas conseqüências nas costas da grande maioria da população.

É necessário que os trabalhadores já se preparem para enfrentar a crise. A exemplo do que foi a semana antiimperialista da última semana (leia mais na página 16). O PSTU defende a estatização do sistema financeiro, sem indenização e sob o controle dos trabalhadores. Como ficou evidente nesses dias de turbulência, hoje os bancos servem à especulação e ao lucro de poucos. Agora, ao custo de bilhões de dinheiro público.

É necessário também impedir a fuga do capital especulativo e dos lucros, apontando para a estatização das próprias multinacionais. No período de crise, é necessário colocar a possibilidade da ocupação, pelos trabalhadores, das empresas que insistirem em demitir.

Ao contrário da flexibilização dos direitos trabalhistas de Lula e dos empresários, o PSTU defende a estabilidade no emprego, assim como um plano de obras públicas para combater o desemprego. Tal plano poderia ser financiado com os recursos destinados ao superávit primário e ao pagamento da dívida pública.

O PSTU defende também o aumento geral dos salários, corroídos pela inflação do último período e defasados frente ao aumento do custo de vida.

Só um programa dos trabalhadores, que rompa com o imperialismo e o sistema financeiro internacional, pode fazer frente à crise que se aprofunda cada vez mais.

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