Cerca de mil estudantes foram às ruas no dia 30 de novembro, quinta-feira, contra o aumento da tarifa do transporte público em São Paulo. A manifestação, organizada pela Frente de Luta contra o Aumento, exigia ainda o Passe Livre e denunciava a brutal repressão desencadeada pela polícia na última manifestação, dia 25.

Nesse mesmo dia 30, a passagem de ônibus, metrô e trens ficavam mais cara na capital paulista. O aumento total foi de cerca de 15%, mais que o triplo da inflação registrada no mesmo período, de 4,68%. Após as eleições, prefeitos e governadores aproveitam o período para aumentarem os já extorsivos preços das tarifas. São Paulo tradicionalmente é referência para o reajuste, sendo uma espécie de senha para políticos de outras cidades fazerem o mesmo.

Os estudantes se concentraram em frente ao teatro municipal, percorrendo em marcha pelas principais ruas do centro da cidade. “Se a tarifa não baixar, a cidade vai parar”, gritavam os manifestantes. Com uma abertura formada por palhaços e cuspidores de fogo, a passeata contou com muita criatividade para denunciar os preços abusivos do transporte. À provocação policial, os estudantes responderam com ironia e irreverência.

Apesar de não haver repressão, embora tenha havido diversos momentos tensos, a PM acompanhou com força ostensiva toda a marcha. Inúmeros agentes infiltrados e (mal) disfarçados acompanharam a marcha fotografando e filmando os manifestantes. “Você aí fardado, também é explorado”, gritavam os estudantes, que também entoavam: “Polícia é pra ladrão, pra estudante não”.

Por onde passava, a marcha atraía o apoio e a simpatia da população. “Vem, vem, vem, pra luta vem”, foi a palavra de ordem mais cantada durante toda a manifestação, que não contou apenas com estudantes. Os manifestantes mais “experimentados” na vida eram respeitosamente aplaudidos pelos jovens.

Unificar a luta
Participaram ativistas independentes, anarquistas, militantes do PSTU e PSOL e de diversos outros movimentos e organizações. “Essa é uma demonstração de força da juventude. Temos agora que unificar as mobilizações contra o aumento e pelo passe livre”, afirmou Emiliano Soto, da Secretaria Nacional da Juventude do PSTU. Ele se referia às manifestações, bem menores, organizadas pela UNE e Ubes contra o aumento.

No entanto, apesar de ensaiarem manifestações, a UNE, por baixo dos panos, tenta negociar com o prefeito Gilberto Kassab (PFL) um aumento “menor” para a tarifa. Além disso, ao se negarem a engrossar as mobilizações da Frente contra o Aumento, essas entidades dividem e dispersam o movimento.

A passeata se encerrou perto das 21 horas, voltando ao Teatro Municipal e contabilizando quase 3 horas de caminhada ininterrupta. Demonstração de força e disposição que deve se repetir com os próximos atos que serão realizados na cidade.

  • Veja o vídeo da passeata

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