Passeata pela avenida Rio Branco
Camila Lisboa (foto de celular)

O dia 28 de março foi consagrado pelo movimento estudantil como o Dia Nacional de Lutas dos Estudantes, em homenagem ao jovem Edson Luís, morto pela ditadura militar em 1968 com um tiro no peito numa mobilização reprimida pela Polícia Militar. De lá para cá, os estudantes sempre utilizaram este dia como marco para lembrar o acontecido e para colocar em pauta suas novas lutas.

Cerca de 3 mil estudantes ocuparam as ruas do Rio e lembraram Edson Luís, que foi vítima da ditadura. Foram levadas para as ruas as bandeiras contra a criminalização dos movimentos sociais, contra o Reuni e pelo Passe Livre Nacional.

O ato saiu da Candelária e percorreu toda a avenida Rio Branco. Na avenida Araújo Porto Alegre, os manifestantes vaiaram os burocratas do Ministério da educação. O ato terminou na Assembléia Legislativa (Alerj), onde os estudantes vaiaram o presidente da casa, deputado Picciani, que utiliza trabalho escravo em suas fazendas e até agora não foi preso, permanecendo no cargo.

O ato foi, centralmente, contra os governos Lula e Cabral por criminalizarem a pobreza e atacarem os movimentos sociais e a educação pública. Também foi um ato marcado pela unidade de estudantes e trabalhadores. Estavam presentes a Conlutas, o Sepe-RJ, o MST e o Andes-SN, além de vários outros sindicatos e organizações.

Quem disse que sumiu?
Foi com essa unidade que estudantes e trabalhadores franceses organizaram greves gerais e atos de até 4 milhões de pessoas e derrotaram, assim, a precarização do trabalho naquele país. Foi assim, também, em maio de 1968 na França, marcado pela aliança operário-estudantil.

No Brasil, desde o início do governo Lula, o dia do estudante tem se esvaziado. A UNE aderiu à defesa aberta e descarada do governo e da aplicação do projeto neoliberal. Isso se manifesta na sua co-autoria da atual reforma universitária, este dia tem se esvaziado.

Essa situação começou a mudar a partir do ano passado, quando o movimento de massas no Brasil começa a renascer com força. Já em 2007, um ato de secundaristas no centro do Rio reuniu 5 mil estudantes no dia 28 de março. A este ato, seguiram a ocupação da reitoria da USP, que serviu de exemplo para todo o movimento estudantil e teve este método de luta reproduzido na luta contra o Reuni nas federais.

O ano de 2008 começou com as comemorações dos 200 anos da chegada da família real ao Brasil, uma verdeira celebração da colonização e do absolutismo, bastante adequada a estes tempos que vivemos, em que o governo e o imperialismo fazem avançar a recolonização do nosso país com as privatizações. Esse é o governo da repressão e do autoritarismo, com a Polícia Federal e as Polícias Militares garantindo a aprovação do Reuni nas universidades através da força, e com o Caveirão e a Força de Segurança Nacional nas favelas do Rio, massacrando os jovens negros e pobres.

Mas nós também temos uma memória: a memória das lutas do nosso povo, das lutas dos trabalhadores, das lutas da juventude. Este é o exemplo que devemos seguir daqui para a frente e disputaremos a memória da nossa história nas ruas para construir assim o futuro.

Um futuro em que os jovens não sejam mais vítimas da violência e que tenham pleno acesso à saúde e à educação públicas e de qualidade. Um futuro que vamos construir nas ruas, como aponta este dia 28 de março de 2008, comemorando 40 anos da marcha dos 100 mil e lembrando a luta dos estudantes contra a ditadura, mas também contra o capitalismo e por melhores condições de vida.

Edson Luís presente!