O Grande ABC, região com sete cidades, não conta com nenhuma universidade pública e gratuita. Em maio deste ano, o Consórcio Intermunicipal, formado por cinco prefeituras do PT, uma do PSB e uma do PTB, sentou-se à mesa com Lula para viabilizar a implementação do projeto que traria, finalmente a Universidade Federal do ABC. O Consórcio, o MEC e os industriais da região definiram que esta seria uma universidade com 20 mil vagas, com cursos voltados para tecnologia, educação e sociais, e traçaram desde já seu caráter: cursos semi-presenciais, autonomia financeira e voltadas para a indústria petroquímica, ascendente na região.

O Consórcio visitou universidades para servir de modelo e já estão agendando a visita as universidades que podem servir de modelo, entre elas a Federal de Juiz de Fora, pioneira em ensino a longa distância. A luta pela universidade pública e gratuita na região tem mais de 30 anos, porem não é essa federal que queremos. O movimento sempre lutou pela estatização das autarquias e fundações municipais (FDSBC – Faculdade de Direito São Bernardo do Campo, IMES – Instituto Municipal de Ensino Superior de São Caetano do Sul, FSA – Fundação Santo André e Fundação ABC de Santo André). A necessidade de uma universidade, esta sendo utilizada como bandeira eleitoral pelo PT.

Querem construir uma universidade sob o projeto da Reforma Universitária, não federalizando as fundações e autarquias, que vivem sob mandos e desmandos das prefeituras. As prefeituras ganham muito dinheiro com essas instituições, além do poder político gerando verdadeiros feudos. São elas que escolhem o reitor, decidem o aumento das mensalidades e demitem professores (exemplo disso é a repressão ao movimento na FSA, quando os estudantes invadiram a reitoria contra o aumento das mensalidades), comprovando seu caráter privado.

Em agosto iniciaram-se audiências públicas, para dar um caráter mais democrático a criação dessa universidade, pura balela. A prefeita de Ribeirão Pires e presidenta do Consorcio Intermunicipal Maria Inês (PT) assumiu em diversas audiências públicas nas cidades que a UFABC “…é o projeto piloto da Reforma Universitária”.
No dia 23 de agosto aconteceu a maior das audiências públicas sobre a UFABC, na Câmara Municipal de Santo André. A Câmara foi tomada por mais de 250 estudantes e trabalhadores da região. Houvera várias intervenções no plenário em defesa do caráter público da universidade.

A UJS, representando a UEE e a UPES, foi para a audiência para defender o programa neoliberal do governo Lula Universidade para Todos. Mas os estudantes não abrem mãos de suas reivindicações e defenderam firmemente a federalização das autarquias e fundações municipais, se posicionaram contra a reforma Universitária e em coro exigiram a ruptura do governo Lula com o FMI para que haja mais verbas para a educação.

Foi uma vitória para o nosso movimento, mas que não termina aí. Agora o Conlute, que no Encontro Nacional Contra a Reforma Universitária, aprovou uma moção pela Federalização das autarquias e fundações municipais, cumpre o papel de construir um grande movimento, com todos os universitários e secundaristas pela federalização, por educação publica, gratuita e de qualidade contra a reforma Universitária.

Agora, o CONLUTE – ABC, junto com outras forças do movimento estudantil e independentes, vão realizar um encontro regional para construir e organizar nossa luta, pela federalização, contra o aumento das mensalidades e contra a reforma universitária, rumo ao encontro estadual!

Essa á a federal que queremos, e com a luta e organização dos estudantes. É essa a federal que vamos ter.