`AtoEm todo o país, os estudantes tomaram as ruas e as universidades contra as conseqüências da política econômica e das reformas neoliberais do governo Lula, que continua cortando verbas da Educação para beneficiar banqueiros e empresários.
Em dezenas de universidades, estudantes se mobilizam contra a falta de professores causada pela reforma da Previdência. No Paraná há mobilização contra o fechamento de 43 cursos nas universidades estaduais, imposto pelo governo Requião (PMDB).
Nas faculdades privadas ocorrem greves de professores e mobilizações em resposta ao aumento de mensalidades e não pagamento de salários.

Além disso, o aumento das tarifas de ônibus levou milhares de estudantes secundaristas as ruas pelo passe-livre e pela redução das tarifas. Em Macapá (AP), um ato reuniu duas mil pessoas; em Curitiba (PR), ocorreram vários atos com mais de mil estudantes; já em Betim (MG), três mil estudantes foram as ruas.

Essas lutas tomaram o país e demonstram a disposição da juventude para enfrentar os ataques que vem sofrendo. É essa juventude que deve lutar contra a reforma Universitária de Lula e do FMI, cujo objetivo é obrigar a universidade pública a ser financiada pelo mercado solucionando, assim, a crise dos tubarões do ensino pago.

A “Jornada de Lutas da UNE e da UBES” na contramão

É na contramão dessas mobilizações que a direção majoritária da UNE, a UJS (União da Juventude Socialista), ligada ao PCdoB, preparou sua Jornada de Lutas, fazendo dela uma defesa vergonhosa do governo Lula e de sua reforma Universitária. O motivo para a UJS não querer organizar a luta contra a reforma é porque o PCdoB faz parte do governo e se constitui em um dos seus pilares fundamentais.

Tanto é assim, que as iniciativas da UNE defendem a reforma. A entidade, através de seu presidente, Gustavo Petta, apóia o projeto de avaliação do governo (SINAES), que acaba de ser aprovado no Congresso. Apóia a “compra de vagas” nas faculdades privadas e ainda organiza uma caravana nas universidades com representantes do MEC para defender a reforma.

UJS DEU SHOW DE AUTORITARISMO

Como se não bastasse todo o governismo da Jornada de Lutas da UNE e da UBES, a UJS/PCdoB deu um show de autoritarismo durante as mobilizações realizadas recentemente, buscando impedir qualquer crítica de oposição ao governo Lula.

Em São Paulo, tentaram impedir que a diretora da UNE do Movimento Ruptura Socialista subisse no carro de som e que outros diretores da entidade também falassem. Os militantes do PSTU que carregavam uma faixa exigindo que o governo se retirasse das negociações da Alca, foram agredidos, resultando na prisão de dois militantes do movimento, sendo um deles diretor da UNE.

É preciso que todo o movimento estudantil repudie esses métodos nas suas manifestações. Mesmo existindo grandes diferenças, a mais ampla democracia deve ser respeitada, pois do contrário estaremos relembrando os tempos da ditadura militar.

[15/04/2004]

Post author Julia Eberhardt, Diretora de Universidades Públicas da UNE – MRS Oposição
Publication Date