Estudante simboliza a morte da universidade
João Paulo da Silva

Ato convocado pelo DCE da UFAL denunciou a falta de professores, salas e laboratóriosNa tarde desta quinta-feira, 16, cerca de 90 estudantes protestaram contra a expansão irresponsável que o ReUni vem implementando na Universidade Federal de Alagoas (UFAL). A manifestação, convocada pelo Diretório Central de Estudantes (DCE), gestão Amanhã Vai Ser Outro Dia, e por centros acadêmicos, responsabilizou o governo Lula e a reitoria pelo sucateamento do ensino que vem sofrendo a UFAL.

Com faixas, cartazes, panfletos e a ajuda de um carro de som, os estudantes denunciaram a insuficiência de professores, salas, laboratórios e a defasagem da biblioteca. A manifestação percorreu o campus da universidade convocando outros estudantes para o protesto e cantando palavras-de-ordem. “É ou não é piada de salão? / Tá faltando professor depois da expansão!”, era uma das mais ouvidas.

O ato também denunciou os efeitos da crise econômica que Lula descarrega sobre a juventude, como o corte de metade da verba destinada à assistência estudantil da UFAL. Durante o percurso, os manifestantes carregaram caixões de papel, simbolizando o enterro da universidade.

A falta de estrutura e as péssimas condições de ensino da UFAL já se tornaram alarmantes. Um fato ocorrido no início do ano letivo exemplifica bem essa situação. Horas antes do primeiro dia de aula, as salas do prédio construído para o curso de Pedagogia ainda não possuíam quadros, birôs e carteiras. Nos pólos da universidade, localizados em cidades do interior, as condições também são muito ruins. Para os estudantes de Educação Física, por exemplo, falta até quadra poliesportiva.

O estudante de Economia Humberto Campos mostrou sua indignação com o processo de expansão indiscriminado do governo. “Estão entrando muitos estudantes, mas a universidade não tem estrutura para atendê-los. Na biblioteca, por exemplo, muitas vezes há tanta gente que nem sobra espaço para estudar. O governo está brincando de fazer universidade”, afirmou.

O protesto terminou em frente ao prédio da reitoria, onde os estudantes entregaram uma pauta de reivindicações. A estudante de Ciências Sociais e diretora do DCE, Kyvia Murta, resumiu o caos em que se encontra o ensino superior: “Nossa luta é por condições dignas de estudo. A ‘UFAL mais viva´ da reitora Ana Dayse está a poucos passos da UTI. Faltam vagas no restaurante e na residência universitária de Maceió. Faltam professores e salas de aula e, mesmo assim, a UFAL receberá mais turmas no segundo semestre que, até agora, não têm onde estudar”.

E concluiu: “Lutamos por uma expansão da universidade pública que atenda aos interesses e necessidades dos estudantes, que passa, indispensavelmente, por ensino, pesquisa e extensão. Esta não é a expansão que Ana Dayse e Lula estão construindo”.