Nos dias 6 a 8 de novembro, será realizado o Congresso dos Três Setores (estudantes, professores e funcionários) da PUC-SP, no campus Monte Alegre, em São Paulo (SP). A proposta da realização de um congresso surgiu desde a forte greve que ocorreu na universidade em 2006 e que está se realizando esta semana.

Muita coisa aconteceu na PUC-SP nos últimos anos. A universidade tem uma dívida gigantesca e praticamente impagável, na casa dos R$300 milhões. Cerca de 30% do quadro de professores e funcionários foram demitidos, principal causa da realização da greve de 2006.

Além disso, houve a elaboração do projeto Redesenho Institucional, que veio para aprofundar o processo de mercantilização da universidade e ocasionou a ocupação da reitoria em 2007, a votação do projeto às escondidas e agora a votação do novo estatuto que oficializa a intervenção da Igreja na universidade, dando a ela o poder de decisão sobre os assuntos mais importantes da vida da instituição. Sem falar da onda de repressão existente, com sindicâncias contra nove estudantes por causa da ocupação da reitoria e abertura de processo criminal contra quatro estudantes pela mesma causa.

Mais do que nunca, está colocada a grande tarefa de a comunidade da PUC-SP de começar a elaborar um projeto independente de universidade que rompa de vez com a mercantilização do ensino, e de se preparar para lutar por ele.

Um congresso independente e autônomo
Este Congresso será realizado de forma totalmente independente e autônoma, baseado na auto-sustentação do movimento. Ele está sendo construído por vários Centros Acadêmicos, pela Associação de Professores (Apropuc) e Associação de Funcionários (Afapuc) e muitos outros que não compõem entidades. São estes setores que sustentarão o Congresso que terá sua realização independente da reitoria.

Apesar do discurso da “democracia puquiana”, enfrentou-se muita dificuldade para concretizar a realização do congresso, seja para conseguir discutir com os três setores da comunidade sobre o mesmo ou para poder utilizar os espaços da universidade para sua realização. A reitoria de Maura Véras está marcada pelo cerceamento dos direitos que o movimento tem de se organizar.

Mas apesar de todas estas dificuldades, este congresso vai acontecer e será bancado pelos próprios professores, estudantes e funcionários.

Um congresso para lutar
Na programação do Congresso estão previstas a realização de uma mesa sobre concepção de universidade, uma mesa sobre a luta dos três setores da PUC-SP, Grupos de Discussão sobre temas como autonomia, acesso e permanência, luta contra as opressões (machismo, racismo e homofobia), plenária setoriais e a plenária final.

Com este espaço de discussão com muito potencial, é possível se discutir um programa alternativo e independente da universidade, que seja fruto da reflexão e do acúmulo de experiência que tivemos no último período, e concretizar a batalha por isto na elaboração de um calendário de lutas para o próximo período.

“O neoliberalismo demonstrou a sua falência com a crise econômica mundial, é visível que é hora de dar uma alternativa para o projeto das universidades e da educação em geral ao projeto neoliberal”, afirma Guilherme Salvini, militante da Juventude do PSTU e membro da gestão do Centro Acadêmico de Ciências Sociais (CACS) da PUC-SP.

Estes serão os grandes desafios do Congresso dos Três Setores da PUC-SP, uma grande iniciativa fruto da unidade do movimento na universidade.

*Dayana é estudante de História da PUC-SP e compõe a gestão do Centro Acadêmico de Ciências Sociais (CACS) da PUC-SP