`FotoCerca de 60 alunos da Universidade Estadual Paulista, campus de Bauru, estão ocupando uma das salas centrais da unidade. Os estudantes reivindicam a moradia estudantil e outros direitos hoje negados aos alunos. O movimento foi deflagrado na noite de quarta-feira, dia 23 de abril, onde uma assembléia deliberou pela ocupação por tempo indeterminado.

A mobilização que acarretou na ocupação começou há algumas semanas. Impulsionado pelas entidades estudantis do campus, o movimento “Eu Quero uma casa no Campus” reivindica, além de moradia estudantil, a ampliação das escassas e insuficientes bolsas de auxílio, além da construção de um refeitório universitário subsidiado pela reitoria.

O campus da Unesp de Bauru, apesar de ser o maior entre os 17, não possui a mínima infra-estrutura de assistência ao aluno de baixa renda. Desde sua encampação, no final dos anos 80, os estudantes exigem medidas que expressam direitos que o aluno deveria gozar em uma universidade que se propõe pública. Para se ter uma idéia da situação de precariedade de boa parte dos estudantes da Unesp, somente na Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação, uma das três que compõem o campus de Bauru, são feitas anualmente mais de 250 pedidos de bolsas de auxílio. Somente 65 são contemplados com uma bolsa de míseros R$175, um valor muito aquém das necessidades de qualquer ser humano no período de um mês.

“Vamos ocupar até que seja construído de fato a moradia estudantil”, afirmou Yara Fernandes, membro do Diretório Acadêmico da FAAC e militante do PSTU. Diversos outros movimentos por moradia já ocorreram em anos anteriores e grande parte foi desmobilizada através de promessas vazias e de paliativos como as bolsas de aluguel. “Chegaram até a repartir algumas bolsas de auxílio e colocar como um aumento de bolsas de aluguel”, disse Yara, “não vamos cair nessa de novo, daqui só sairemos para os blocos de moradia” prossegue.

Na manhã de segunda-feira, uma passeata dos estudantes ocupados postou-se do lado de fora da Congregação (órgão de deliberação da faculdade) da Faculdade de Ciências. Um dos representantes discentes propôs que fosse apresentado aos membros da Congregação um manifesto exigindo, além de moradia, a paridade nos órgãos colegiados. Hoje, o voto dos alunos e funcionários vale menos que o voto dos professores. Após ler o manifesto, os ocupados se retiraram da reunião chamando a palavra de ordem: “Chega de covardia, Paridade e Moradia!”.

O movimento de ocupação vem recebendo o amplo apoio de várias entidades sindicais da cidade, como a Adunesp e o Sindicato de Bancários de Bauru e Região. Um abaixo-assinado está correndo o campus para recolher o apoio formal dos estudantes à ocupação. As entidades estudantis ligadas ao movimento, no primeiro dia de ocupação, encaminharam um documento à direção pedindo o remanejamento das aulas que seriam ministradas naquela sala para salas ociosas, impedindo que o protesto tivesse algum tipo de prejuízo aos demais estudantes.

Além de Bauru, a diretoria do campus de Presidente Prudente também está ocupada. Os alunos exigem a ampliação do número de vagas na moradia estudantil, que hoje atende a uma pequena parte da demanda apenas. Tal situação crítica pode ser observada por todos os campi da universidade. A atual gestão do reitor José Carlos de Souza Trindade, lacaio do governador Alckmin, aprofundou o sucateamento da Unesp e o ataque aos direitos dos estudantes. Além de não ouvir o movimento, a truculência e a repressão são recorrentes instrumentos de intimidação da reitoria.

Post author Diego Cruz,
de Bauru (SP)
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