Cerca de 200 alunos da Universidade de Brasília (UnB) ocuparam a reitoria da universidade no último dia 3. Os estudantes exigem a saída imediata do reitor Timothy Mulholland e de seu vice, Edgar Mamiya.

O reitor é acusado de utilizar verbas da Fundação Universidade de Brasília, que atua na UnB, em despesas pessoais e na compra de móveis de luxo. O escândalo causou ainda mais indignação por envolver uma lixeira de R$ 1.000, paga pela verba da universidade e encontrada no apartamento do reitor. Além disso, Mulholland utilizava um carro de luxo comprado com dinheiro da fundação.

Além da saída do reitor e do vice, os estudantes exigem a dissolução do conselho da Fundação Universidade de Brasília (FUB) e a convocação de novas eleições diretas e paritárias. Além disso, os estudantes defendem a abertura das contas das fundações privadas e o cancelamento dos convênios públicos firmados com as instituições privadas.

Repressão não intimida
No dia 4 de abril a juíza federal Crisitiane Pederzolli, da 17ª Vara do Distrito Federal, concedeu liminar de reintegração de posse. A Polícia Federal deu prazo para os alunos desocuparem a reitoria até as 15 horas do dia 7, segunda-feira. No entanto os estudantes realizaram uma massiva assembléia que aprovou por ampla maioria a continuidade da ocupação e a ampliação do movimento.

A assembléia, que contou com a participação de 1.300 estudantes, decidiu ainda ocupar todo o prédio da universidade, garantindo livre acesso dos estudantes. Os seguranças da universidade bloqueavam a saída do gabinete da reitoria, impedindo que os alunos ocupados saíssem ou que outros estudantes entrassem. Alimentos e outros objetos tinham que ser “içados” pela janela. Apesar de o movimento ser pacífico, em diversos momentos houve agressão dos seguranças contra os estudantes.

No momento em que os estudantes ocupavam todo o prédio, os seguranças novamente atacaram os alunos, agredindo violentamente diversos alunos. A Polícia Federal recomendou, e a direção da universidade acatou, o corte de água e luz do prédio. “Os seguranças bateram muito em vários estudantes, e agora estamos aqui sem água, comida, colchonetes, em uma situação precária”, denuncia Luíza Oliveira, estudante da Conlute e militante do PSTU.

Desocupação só com saída de reitor
A reitoria chegou a divulgar à imprensa que atenderia uma série de reivindicações estudantis, como a construção de novas moradias e a ampliação de bolsas. Os estudantes, porém, só desocupam o local com a saída do reitor. “A assembléia aprovou manter a ocupação até a renúncia do reitor”, afirma Luíza.
Diante da intransigência da reitoria, os estudantes fortaleceram e ampliaram o movimento de ocupação. Cerca de mil alunos ocupam todo o prédio. Apesar de a polícia federal ter saído do campus, a reintegração de posse pode se dar a qualquer momento.

Assim como ocorreu durante a ocupação da USP em 2007, a grande imprensa veicula notícias mentirosas contra o movimento, taxando os estudantes de “baderneiros”. Os alunos, porém, programaram um esquema alternativo de comunicação, com blogs e vídeos na internet.
Post author Da redação*
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