Impedidos de votar sobre adesão ao Reuni, alunos ocupam prédio da reitoria da Universidade Federal Fluminense, no Rio de Janeiro. Leia, abaixo, a nota pública dos estudantes.Cerca de 500 estudantes saíram em passeata nesta terça-feira, 16, em direção à reitoria da Universidade Federal Fluminense (UFF) para protestar contra o decreto do governo federal para as universidades públicas intitulado Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais, o Reuni. Os estudantes decidiram ocupar o prédio da reitoria exigindo a não adesão da UFF ao projeto.

Para o dia 17, estava marcada uma reunião conjunta dos três conselhos deliberativos da universidade para decidir sobre a adesão da UFF ao Reuni. Entretanto, essa reunião foi remarcada para o dia 24 de outubro.

O movimento estudantil considera que a remarcação é um golpe da atual direção para que o projeto seja aprovado na universidade, já que no dia 24 sairá uma caravana da UFF rumo à Brasília. A caravana vai se integrar a uma marcha nacional contra a reforma da Previdência e pela revogação do decreto do Reuni.

Além da manifestação, ocorrerá no dia 25, também em Brasília, uma reunião da Frente de Luta contra a Reforma Universitária. Na ocasião, serão discutidas as próximas ações da luta nacional contra a privatização da universidade pública, que, para os movimentos, hoje se materializa no decreto do Reuni.

Assim como na UFF, em outras universidades também estão havendo mobilizações contra a adesão ao projeto. Na semana passada, manifestações na UFRGS impediram a aprovação do Reuni, na quinta-feira haverá votação na UFRJ e na próxima semana estão previstas votações na UFMG e na UFJF, nas quais os estudantes também estão organizando mobilizações.

Porque repudiamos o Reuni
O Reuni prevê a expansão do número de vagas nas universidades federais sem a expansão da estrutura e do número de funcionários e professores. A destinação de parte de verbas para tal fim viria após a universidade cumprir determinadas metas. Esse valor seria entregue de maneira parcelada em um período de cinco anos.

Os recursos, entretanto, não estão garantidos, uma vez que o decreto deixa claro que o provimento de verbas será de acordo com o orçamento anual do Ministério da Educação (MEC). As metas a serem atingidas pela universidade são a elevação do índice de aprovação dos estudantes para 90% e do aumento da relação de alunos por professor, que deve chegar à média de 18 estudantes por docente no universo total de cada Instituição de Ensino Superior.

Para atingir essas metas, as universidades devem fazer mudanças estruturais, como a transformação dos atuais cursos de graduação em Bacharelados Interdisciplinares, que são sugeridos no decreto. A modalidade prevê um ciclo básico de formação, no qual os estudantes sairiam bacharéis em grandes áreas como humanidades ou saúde. Para uma formação específica, os universitários teriam que passar por um novo processo seletivo e cursarem mais alguns anos.

Ressaltamos que o atual quadro das Universidades Públicas brasileiras é de falta de professores, infra-estrutura e assistência para que o estudante possa se manter na universidade, como a existência de moradias universitárias, bolsas e bandejões. O decreto do Reuni não soluciona esses problemas, ao contrário, os aprofunda com a superlotação das salas de aula, a precarização do trabalho dos docentes e técnicos-administrativos e a queda da qualidade de ensino.

A ocupação está sendo no prédio da reitoria da UFF, que fica na rua Miguel de Farias, nº 9, Icaraí, Niterói.