Na última sexta-feira, por volta das 21h, cerca de 50 estudantes ocuparam a reitoria da Fundação Santo André (FSA) no ABC paulista. A decisão foi tomada em assembléia, numa votação apertada: 35 votos a favor e 30 contrários. Os alunos permaneceram no local durante todo o fim-de-semana.

O motivo da indignação dos estudantes não é muito diferente do que levou à ocupação da universidade Nacional de Brasília (UnB). O reitor Odair Bermelho está sendo acusado, novamente, de corrupção. No ano passado, indícios de corrupção na gestão de Bermelho e propostas de aumentos abusivos de mensalidades levaram a uma greve que durou quase dois meses.

Dessa vez, as evidências são ainda maiores: falsificação de documentos e reembolsos indevidos são alguns dos itens do dossiê entregue, com exclusividade, ao jornal Diário do Grande ABC. Segundo matéria divulgada nesta segunda-feira, Bermelho “é suspeito de fraudar documentos e notas fiscais para desviar dinheiro da instituição de ensino entre 2004 e 2005”.

O reitor teria participado, ainda, segundo notas fiscais e recibos, de um congresso que nunca existiu, a Jornada de Educação da Universidade Federal do Maranhão em 2005. A viagem, paga pela FSA, custou R$ 10 mil. Nessa mesma viagem, Bermelho consumiu o equivalente a 80 quilos de comida – ou R$ 1.600 – num restaurante por peso. Bermelho poderá ser indiciado por crime de estelionato.

Os estudantes realizam nova assembléia nesta segunda-feira, às 21h, para decidirem se mantêm a ocupação da reitoria e quais os próximos passos do movimento. O aluno de História e membro do Diretório Acadêmico da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Reinaldo Chagas, disse ao Portal do PSTU que “diante desta situação em que a reitoria da fundação se assemelha à reitoria da UnB [referindo-se ao caso de corrupção em Brasília], os estudantes também devem seguir o caminho da luta, da organização e mobilização”.

Ele informou, também, que os estudantes reivindicam “a destituição de Odair Bermelho, além de outras questões referentes à qualidade de ensino e levantam a histórica bandeira da Fundação pública, gratuita e de qualidade”.