Cerca de 200 estudantes, nesta manhã de terça-feira, ocupam a reitoria da Unicamp para denunciar o descaso da ReitoriaNós, estudantes da Unicamp, estamos ocupando a Reitoria por estarmos cansados do descaso desta com a universidade pública, em particular no que se refere à assistência estudantil e à democracia na Universidade.

Em nossa Moradia, um bloco (Bloco B) encontra-se em processo de desmoronamento, colocando em risco os estudantes moradores. Isto é a prova da falta de financiamento e da má administração do PME (Programa de moradia Estudantil).

Sabemos que hoje estamos vivendo um processo de sucateamento da Universidade Pública. Este é materializado em âmbito federal pela reforma universitária do governo Lula e estadualmente pelo governador José Serra.

Recentemente, o governador, grande “camarada” do Reitor Tadeu, por meio de uma série de decretos e um contingenciamento de recursos públicos, diminuiu drasticamente as verbas destinadas às estaduais paulistas. Nós nos perguntamos: se com a verba anterior nossa assistência estudantil já passava por dificuldades, como estaremos com este corte de verbas?

Esta política adotada pelo Estado tem sua representante na Moradia, a professora Kátia Stancato. Em sua administração, o que predomina é o autoritarismo e a má aplicação das poucas verbas públicas. A professora, escolhida a dedo pela reitoria, não utiliza critérios para a seleção dos moradores, além de expulsar hóspedes (que na maioria dos casos precisam de bolsa, mas não passam no processo seletivo). No que tange à gestão, são priorizadas questões estéticas, como a compra de flores e construção de jardins, em detrimento de questões estruturais (só na primeira parte dos gastos com jardinagem, foram por volta de R$ 9.000, enquanto o gasto com estrutura foi ínfimo).

Com intuito de garantir sua política, a organização dos estudantes é atacada, pois a Unicamp é a única universidade pública no Brasil que não reconhece os representantes destes para o seu Conselho Universitário (Consu).

A partir de 2004, a reitoria tomou para si a organização das eleições dos estudantes ao Consu, atacando diretamente a autonomia estudantil. Essa tentativa, ano passado, foi vergonhosa para reitoria, pois enquanto o movimento estudantil organizou uma eleição com 4.791 votantes, a organizada pela reitoria não tinha sequer candidatos suficientes para todas as cadeiras do Conselho, tendo inexpressiva participação de 184 votantes.

Por isto, estamos dispostos a impedir o funcionamento da reitoria até que as seguintes reivindicações sejam atendidas:

Quanto à moradia:

  • Reconstrução imediata do Bloco B, com prazo determinado de início e término das obras.
  • Locação dos desalojados sob inteira responsabilidade da Unicamp, com garantia de água, luz e transporte.
  • Ampliação do número e vagas da Moradia para 1.500 vagas.
  • Vistoria completa da Moradia com laudo amplamente divulgado.
  • Fora Kátia Stancanto da administração da Moradia.

    Quanto à representação discente:

  • Pela homologação dos RDs eleitos em novembro de 2006.
  • Pela legitimação do processo eleitoral organizado pelos estudantes.

    Entendendo a relação dos problemas da Unicamp com a política do governo estadual de José Serra, exigimos:

  • Nota pública da Reitoria e do Conselho Universitário de repúdio aos decretos do governo estadual, vistas as conseqüências que a falta de verbas públicas traz para universidade (como o caso da moradia estudantil).