Estudantes entregam manifesto a Lula
Thiago Mahrenholz
Juventude do PSTU

Na tarde desta sexta, 12, um grupo de estudantes esteve na Feira do Livro de São Bernardo do Campo (SP), para a visita do ministro da Educação, Fernando Haddad, e do ex-presidente Lula.

Os seis manifestantes, ligados à ANEL (Assembleia Nacional dos Estudantes – Livre) e a CSP-Conlutas, não chegaram a fazer um ato. Mas foram ao Pavilhão Vera Cruz, no ABC, e conseguiram entregar a Lula e ao ministro da Educação o manifesto da campanha pelos 10% do PIB para a Educação e o jornal da ANEL, sobre a campanha. A professora Bruna Sartori, de Santo André, entregou o manifesto ao ex-presidente e ao ministro, enquanto os dois seguiam para a Sala de Imprensa. “Entreguei o jornal a Lula e ele disse que a Dilma vai investir na Educação, com o dinheiro do pré-sal. Depois riu. Acho que nem ele acredita nisso…”, contou Bruna. “Ainda mais com a crise”, completa.

Caso Lula tenha lido o texto, verá as críticas feitas pelo baixo investimento em Educação. O manifesto lembra que, em 2000, o Congresso Nacional aprovou o investimento de 7% na Educação, como parte do último Plano Nacional, o PNE. “Este percentual foi vetado pelo governo de então, veto mantido pelo governo Lula da Silva. Hoje o Brasil aplica menos de 5% do PIB nacional em Educação.” O texto critica a nova proposta do governo, do ministro Haddad. “A proposta de Plano Nacional de Educação em debate no Congresso Nacional define a meta de atingir 7% do PIB na Educação em … 2020!!!”

Desencanto
A visita de Lula e Haddad foi vista como parte da movimentação do ex-presidente para que Haddad vença a disputa no PT, como nome do partido a prefeitura de São Paulo. O ex-presidente defendeu uma renovação, substituindo nomes como o de Marta Suplicy, senadora e ex-ministra do Turismo. O ex-presidente e o ministro participaram de uma roda de leitura para crianças, dentro da programação da feira. Lula leu um livro cuja principal personagem é uma menina africana e comparou a savana ao cerrado brasileiro.

A imprensa já havia anunciado que o ministro Haddad iria ler o livro “A Professora Encantadora”, mas ele substituiu por “Asa de Papel”, do artista plástico Marcelo Xavier. Os manifestantes ficaram aliviados com a troca. “O livro anterior conta a história de uma professora que encanta seus alunos, e faz da aula um momento mágico, de descoberta. É um livro que valoriza o professor, exatamente o contrário do que Haddad e o governo vêm fazendo. Com salários tão baixos, não há vocação e encanto que resistam”, diz Gleice Barros, 25, aluna de História da Fundação Santo André.

“E quando um professor faz greve, ele ainda vira culpado. Temos de valorizar os professores, e isso precisa começar pelo salário”, diz Rafael Nascimento, 18, aluno do segundo grau da Escola Técnica Estadual Lauro Gomes, que está em greve neste momento.

Os alunos fazem parte da ANEL (Assembleia Nacional dos Estudantes – Livre), que prepara uma grande campanha no segundo semestre pelos 10% do PIB já, em meio ao debate sobre o Plano Nacional de Educação. A campanha, que reúne também sindicatos de professores, o ANDES-SN e diversas entidades, será lançada em Brasília, no dia 24, com uma marcha nacional. A professora Amanda Gurgel, do Rio Grande do Norte, conhecida com um vídeo na internet onde expõe a realidade dos professores, é uma das lideranças desta campanha.