15M no Rio de Janeiro. Foto Mídia Ninja
Rebeldia - Juventude da Revolução Socialista

O próximo passo é parar as escolas e universidades na greve geral do dia 14 e combinar a luta contra os ataques à educação com a luta contra a reforma da Previdência

Júlio Anselmo, da Rebeldia – Juventude da Revolução Socialista

Diante do tsunami de trabalhadores e estudantes no dia 15 de maio (15M), Bolsonaro proclamou suas falas grosseiras e autoritárias mais uma vez. Não podemos aceitar um presidente que chama estudantes e professores de imbecis e massa de manobra. Esta declaração de Bolsonaro só mostra o quanto é autoritário. Balbúrdia é este governo, que é um fantoche dos Estados Unidos, dos banqueiros e das multinacionais.

O vice-presidente Mourão, por sua vez, disse que as manifestações foram políticas. É evidente que foram políticas. São os políticos, obedientes aos banqueiros, que estão cortando as verbas e atacando os trabalhadores. Já o povo não pode fazer reivindicação política?

O governo se mostra com medo da luta. Tanto é assim que devolveu R$ 1,587 bilhões do que havia cortado da educação, mas o corte ainda é de R$ 5,8 bilhões. Isso afeta o funcionamento e as condições de ensino e estudo, que já não são boas.

São Paulo no 30 de maio. Foto Jornalistas Livre

Seguem atacando a educação pública
O ministro disse que quer cobrar mensalidade na pós-graduação. Afirmou, ainda, que os salários e a estabilidade dos professores podem ser revistos. O governo também editou uma medida de intervenção arbitrária nas universidades, segundo a qual a nomeação de cargos da universidade não ficaria mais sob responsabilidade do reitor, mas sim de um general do próprio governo. Esse é um ataque à autonomia universitária que é garantida pela Constituição.

Agora é a hora de aprofundar as lutas contra o governo!
No dia 15 de maio, milhões tomaram as ruas em mais de 200 cidades. Foram inúmeras assembleias, reuniões e agitações em muitas escolas e universidades.

O próximo passo é fazer um grande dia de luta em 30 de maio. Parar escolas e universidades! Ir às ruas!

Ao mesmo tempo, é preciso combinar a luta contra os ataques à educação com a luta contra a reforma da Previdência. Combinar, portanto, a convocação do dia 30 de maio com a construção da grande greve geral no dia 14 de junho. A aliança operária-estudantil pode parar o país e derrotar os ataques do governo.

PELA CÚPULA NÃO!
Construir a unidade pela base

Ao invés de organizar a luta pela base, a UNE segue tentando controlar burocraticamente os rumos da luta, dando declarações estapafúrdias nos jornais e decidindo data de mobilização sem construir pela base com os estudantes.

É preciso organizar fóruns e espaços de lutas dos estudantes que unifiquem todo o movimento de maneira democrática. Queremos todo o poder desta luta na mão dos estudantes, na definição dos rumos do movimento, e que não fique restrita a decisões de cúpula da UNE.

INIMIGOS DA EDUCAÇÃO
Fora ministro da educação!

Numa audiência na Câmara dos Deputados, o ministro da educação se recusou a ouvir a UNE e a UBES, organizações do movimento estudantil. Embora tenhamos muitas diferenças com essas entidades burocráticas, que defendem a volta dos governos do PT, repudiamos a violência que deputados e policiais desferiram aos estudantes, impulsionados pelo ministro.

Fora Abraham Weintraub! :Chega de um governo que tem como inimigo os estudantes, os trabalhadores e a educação pública! Chega de Bolsonaro e Mourão!

 

A desigualdade social na educação

É um fato que o país hoje não tem garantido uma educação decente para a maior parte da população. A própria desigualdade social que temos no Brasil se reflete na educação. Escolas privadas da mais alta qualidade são ofertadas para aqueles que podem pagar, ou seja, os filhos dos ricos e poderosos, que depois disso vão para as melhores universidades do país e do mundo.

Aos filhos dos trabalhadores, é relegada a péssima escola pública, que não tem condição nem estrutura para dar educação de qualidade. A maioria não ingressa nas universidades públicas por conta do verdadeiro filtro social que são o vestibular e o ENEM. Por isso, acabam indo para o ensino superior privado, saindo de lá completamente endividados com as altíssimas mensalidades.

A classe média fica espremida entre estes dois polos. Ora os pais conseguem colocar o filho numa escola privada mais ou menos boa, ora têm de ingressar na escola pública. Todo o projeto de destruição da educação pública e ampliação da privatização defendido por Bolsonaro visa justamente aprofundar essa desigualdade.

Como mudar
Para começar a reverter esse cenário, é preciso, em primeiro lugar, ampliar as verbas destinadas para a educação pública. Isso é possível? Claro! Para isso, porém, é preciso parar de dar dinheiro aos banqueiros por meio do pagamento da dívida pública, que consome mais de 40% do orçamento brasileiro. Essa dívida foi paga muitas vezes, mas o governo a continua pagando para remunerar meia dúzia de banqueiros. Com o fim do pagamento da dívida, teríamos dinheiro não só para educação, mas também para a aposentadoria que o governo quer acabar. Em vez de tirar da educação e da aposentadoria, tem de tirar R$ 1 trilhão dos banqueiros.

Junto com isso, é preciso atacar os megaempresários da educação que estão ganhando dinheiro à custa da formação dos nossos jovens. Educação não pode ser mercadoria. É preciso estatizar o ensino privado superior e básico no sentido de termos um único sistema de educação no país que seja público, gratuito e de qualidade.

 

EM DEFESA DA EDUCAÇÃO!
Qual educação?

Bolsonaro repete uma velha mentira. Diz que o desemprego está alto no Brasil porque o povo não tem formação qualificada. Tanto é mentira que hoje temos uma geração mais escolarizada que a anterior, mas que recebe e vive pior que a geração anterior.

De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), 44% dos jovens com formação superior trabalham em funções incompatíveis com sua escolaridade. Os governos de FHC, Lula/Dilma, Temer e até Bolsonaro prometeram ascensão social pelo estudo e o que temos hoje é o contrário disso. Essa é uma prova de que, no capitalismo, não há saída que não seja a luta para construir uma nova sociedade.

Além de esconder a perversidade do sistema capitalista que precisa de desemprego para rebaixar os salários independentemente da formação dos trabalhadores, Bolsonaro joga sobre os desempregados a responsabilidade pelo desemprego.

Bolsonaro segue aplicando sua intromissão conservadora e reacionária na educação em nome do combate ao suposto marxismo cultural. Defende uma “desesquerdização” das escolas e universidades como se essas fossem dominadas por comunistas. Nada mais falso. O que predomina hoje são os interesses das classes dominantes nessas instituições.

Não é à toa que aos filhos dos trabalhadores se ensina apenas a como serem escravos. Aprendem apenas a trabalhar, apertar botão, sem questionar nada. Somos ensinados a aceitar a opressão e a exploração. Enquanto isso, aos filhos dos ricos, é ensinado a liderar, governar e mandar, com toda a sorte de privilégios e acesso ao conhecimento.

Bolsonaro quer aprofundar o caráter reacionário e elitista na educação. Sua ideologia reacionária tem um só objetivo: quer que o povo pobre fique na ignorância sem acesso ao conhecimento mínimo.

Um sistema cada vez mais podre
Esse retrocesso é fruto da degeneração do capitalismo. Um sistema no qual ao mesmo tempo convivem o que existe de mais avançando tecnologicamente com ideologias arcaicas que combatem as ciências e difundem o obscurantismo, como o terraplanismo ou os movimentos antivacina.

Hoje, os avanços da ciência acumulados pela humanidade são repudiados pelos governos. Isso demonstra o nível de barbárie a que este sistema podre e degenerado submete toda a humanidade.

Mudar a educação
A verdade é que a educação pública é uma grande conquista, e a luta em sua defesa é fundamental para os trabalhadores e a juventude. Também é verdade que devemos lutar para mudar essa educação que temos hoje, pois não adianta termos mais escolaridade se tivermos condições de vida piores.

É preciso lutar para libertar a educação das correntes com as quais o capitalismo a aprisiona. Defendemos uma educação a serviço dos trabalhadores. Uma revolução nas escolas e nas universidades, que só será possível com uma revolução em todo o país e no mundo.

ORGANIZE SUA REBELDIA
A juventude da revolução socialista


A juventude lutou muito no Brasil nos últimos anos. Tivemos as Jornadas de Junho de 2013, uma onda de ocupações de escolas em 2015/16, greve nas universidades federais em 2012. Qual a lição que tiramos dessas lutas?

Tivemos algumas vitórias como, por exemplo, a redução do preço da passagem em 2013. No entanto, a tarifa logo voltou a aumentar. Por que isso? O problema é que enquanto existir esse sistema capitalista toda luta terá de ser permanente para garantir nossos direitos. Aquilo que hoje arrancamos com muito esforço e sacrifício pode ser arrancado de nós amanhã.

É assim que funciona o capitalismo. Por isso, as coisas vão mudar de fato quando arrancarmos o poder da mão dos ricos e poderosos, construindo um poder dos trabalhadores. Por isso, é preciso defender um projeto socialista para o país e uma estratégia para a nossa luta (leia mais no Especial).

O MBL e a UNE/UJS têm sua estratégia. O MBL defende abertamente mais capitalismo, mais privatizações e tudo que o governo vem fazendo. A UNE/UJS, assim como o PT, defendem a volta do governo do PT, que já vimos no que deu. Defendem, por exemplo, outra proposta de reforma da Previdência que também retira direitos. Não por acaso os governadores do PT estão negociando a reforma da Previdência e reprimindo a luta pela educação em seus estados, como faz, por exemplo, Rui Costa (PT), governador da Bahia, que enfrenta uma greve dos professores das universidades estaduais desde o dia 4 de abril. Recentemente, Costa defendeu que as universidades públicas cobrem mensalidade. Essa turma acha que é possível administrar o capitalismo de forma mais humana.

Nenhuma dessas vias resolve os problemas da vida do povo. Por isso, convidamos você a se organizar na Rebeldia, uma organização de jovens que tem uma estratégia distinta: queremos uma revolução no Brasil e no mundo.

Publicado no Opinião Socialista nº  571