Uma assembléia realizada no dia 18 de Março na Unesp/Bauru contou com cerca de 800 alunos, sendo a maior assembléia de estudantes da história do campus. Ela deflagrou um movimento de todos os cursos pela contratação de professores na universidade. Primeiramente encabeçado pelo curso de Pedagogia, cuja situação dramática forçou os estudantes a boicotarem as aulas, o movimento se espalhou pelos demais cursos do campus da Unesp de Bauru e explodiu espontaneamente em vários outros campus.

Contratação precária como política da reitoria

A falta de professores não se caracteriza apenas pela ausência de aulas, mas principalmente pela precariedade do regime de contratação. A reitoria tem como política deliberada a não contratação de docentes em regime de dedicação exclusiva e integral. Ao invés de abrir concursos para suprir a demanda por docentes que possam orientar pesquisa e extensão, o reitor Trindade opta por professores conferencistas. Este tipo de contrato, com salários rebaixados e limitado a 89 dias, não prevê atividades extra-aula e não permite a elaboração de um programa pedagógico, uma vez que o professor deve ser substituído a cada três meses.

Esse tipo de regime, elaborado a princípio para suprir urgências, tem se tornado regra, destruindo a concepção de universidade pública baseada em ensino, pesquisa e extensão. A situação chegou a tal ponto que o Departamento de Ensino do campus de Bauru acumulou treze professores conferencistas e 4 voluntários. Os cursos de Pedagogia e Química estão ameaçados de se extinguirem, pois ainda não obtiveram o registro no MEC. Além disso, o problema se espalha pelos demais departamentos atingindo praticamente todos os cursos da unidade. A debandada de professores causada pela Reforma da Previdência de Lula agravou a situação. Somente no campus de Bauru 122 docentes se aposentaram no último ano.

Assembléia delibera mobilização conjunta por contratação

Os estudantes da Unesp de Bauru, no dia 18, realizaram uma passeata e um arrastão por todo o campus convidando os demais alunos para a assembléia, que lotou o auditório. Não havendo espaço para todos na platéia, os alunos tomaram a própria mesa que coordenava a assembléia. Os estudantes deliberaram a paralisação de todos o campus por um dia e um ato na reitoria articulado com os demais campus da universidade.

A Universidade Estadual Paulista conta com 16 campi e 7 “unidades diferenciadas” (campus precários, sem infra-estrutura criados por uma política demagógica e eleitoreira de Trindade) por todo o estado de São Paulo. Além do problema histórico da falta de assistência estudantil, a universidade agora convive com a falta de docentes efetivos.

Movimento estadual e pela base

Hoje, praticamente todos os campus da Unesp estão mobilizados de alguma maneira. No campus de Marília, por exemplo, os estudantes passaram por cima da direção burocrática do Diretório Acadêmico e chamaram uma assembléia pela base para discutir o problema. Em Prudente, os alunos fizeram uma passeata com 600 estudantes e ocuparam a diretoria. O Instituto de Artes, na capital, também aprovou paralisação. O movimento, apesar do imobilismo da diretoria do DCE, ganha impulso e toma todos os campus da Unesp.