O processo eleitoral para a reitoria da Universidade Federal do Paraná (UFPR) foi marcado por denúncias contra o atual reitor Carlos Moreira Júnior, acusado de corrupção no seu mandato e de uso da máquina administrativa para se reeleger. O esquema de corrupção do governo Lula se reproduziu na UFPR, na campanha e na atual gestão da reitoria. Não é por acaso que os coordenadores da campanha de Moreira são uma vereadora do PT e um ex-vereador do mesmo partido. A campanha foi milionária e com vários casos comprovados de uso da máquina administrativa. Em virtude dessa situação, a comissão eleitoral aprovou que não divulgaria os vencedores e determinou a abertura de uma sindicância para averiguar a legitimidade do processo eleitoral.

No dia 30 de novembro, houve a tentativa de golpe na reunião do colégio eleitoral, de se votar à homologação da chapa de Moreira, passando por cima da posição da comissão eleitoral, e envio da lista tríplice ao governo federal. Os estudantes reivindicavam a participação na reunião, fizeram um ato que foi duramente reprimido com polícia federal armada dentro dos prédios da universidade, houve polícia apontando arma para os estudantes, spray pimenta e cassetetes com choque. Um policial deu ordem de prisão a um professor que, junto com outros professores e estudantes resistiram e fizeram a polícia se retirar do prédio. Nem durante a ditadura militar isso aconteceu aqui, segundo depoimento de professores. O que impressionou foi o número de policiais e as armas que estes portavam, o Conselho Universitário chegou a votar a vinda da polícia militar para reforçar a contenção dos estudantes, mas recuou.

Em um caminhão de som, no pátio da reitoria, os defensores de Moreira diziam que a ditadura militar havia acabado e que “Reitor eleito é Reitor empossado” enquanto estudantes eram duramente reprimidos pela polícia a mando da reitoria. Como era de se imaginar, a agitação neste caminhão de som era feita pelos militantes do PCdoB que soltavam uma nota de apoio ao candidato golpista, em que assinavam a UNE, UPE, UBES, CUT-PR e demais entidades governistas. Mais uma vez essas entidades cumprem seu papel de estarem contra as lutas dos estudantes e trabalhadores.

A reunião foi suspensa e se convocou para sexta-feira, dia 2, uma reunião do Conselho Universitário para se votar a sindicância. Um novo golpe ocorreu na sexta-feira, após mais de seis horas de reunião se votou uma sindicância administrativa, provavelmente composta por pró-reitores e gente da confiança da atual reitoria, em que no máximo serão punidos individualmente alguns funcionários, isentando assim os verdadeiros responsáveis pelo uso da máquina, pois estes estarão na comissão.

Novamente uma manifestação de estudantes acompanhou toda a reunião com palavras de ordens como “Sem sindicância não há Reitor, Moreira interventor”. A situação foi ficando tensa, havia muitos seguranças de uma empresa privada que existe na UFPR graças a atual reitoria. Os seguranças não hesitaram em usar da violência contra os estudantes. Vários foram feridos e alguns hospitalizados. Quando se encerrava a reunião, estudantes ocuparam o prédio reitoria, onde encontraram policiais federais à paisana. Montaram uma pauta com a reivindicação da suspensão da reunião do colégio eleitoral, marcada para próxima terça-feira pela manhã, para que ela aconteça no início do próximo ano letivo e seja aberta e a sindicância política e paritária, entre outras bandeiras como o voto universal. As condições para negociação são: um termo de compromisso de não punição assinado pela reitoria, a retirada da segurança privada que continua no prédio e que o reitor venha negociar em reunião com os estudantes. Após tentativas de negociação via comissões, o candidato à reeleição, Moreira, antes das 24h de ocupação retoma seu cargo e reassume a reitoria. Está marcada para esta segunda-feira, dia 5, uma reunião com o candidato do mensalão e atual reitor, Carlos Moreira Júnior.

A decisão da plenária de estudantes de hoje foi permanecer na ocupação até terça-feira no mínimo, dia da reunião do colégio eleitoral, e continuar exigindo a negociação da pauta, pois o que está em jogo, mais uma vez, é a punição dos corruptos e a derrota da Reforma Universitária.

Fora Moreira e a mais quatro anos de privatização!

PS: A ocupação, diferente de todas as já aconteceram, não tem a entrada e saída do prédio nas mãos dos estudantes, quem sai não entra mais e há vários seguranças no prédio. A reitoria usa de uma tática, a de nos vencer pelo cansaço. Estávamos em 45 pessoas no início da ocupação, o restante dos manifestantes não conseguiram entrar e estão permanentemente se organizando do lado de fora do prédio, com vigília, atos no pátio, e buscando apoio de entidades, movimentos, professores, estudantes, etc.

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