No dia 23 de junho, os estudantes da UFAM (Universidade Federal do Amazonas) fizeram o maior ato já ocorrido nos últimos anos para impedir a primeira Audiência Pública Regional sobre a Reforma Universitária do governo Lula promovida pelo MEC. A princípio contava com a presença de Tarso Genro, mas não compareceu, pois compareceu ao enterro de Leonel Brizola.

Duas semanas antes, quando souberam da audiência supostamente pública, os alunos começaram a se mobilizar. Diretores do DCE e CA’s que estão na luta passaram de sala em sala convocando os estudantes para a assembléia e pro ato. Na assembléia do dia 16/06 definiram em que não iriam legitimar esta farsa, que iriam impedir o evento. A farsa da discussão contaria com a presença de 500 pessoas onde apenas 30 foram reservadas para a UFAM. Desses 30, apenas 15 eram para estudantes. A UEA (estadual) ficou inclusive de fora por não ter sido convidada. O restante estava reservado às particulares.

Na verdade, não haveria discussão, a metodologia da audiência seria estabelecida por mensagem eletrônica e não por discussão. Onde cada grupo, ao ser definido à tarde, enviaria suas propostas que seriam “refinadas“ por uma equipe para chegar à mesa da direção do evento.

No dia da audiência, os estudantes fecharam a entrada do campus da UFAM às 6h e fizeram uma aula pública sobre a reforma universitária mostrando quão perniciosa é a proposta do governo Lula que vem sucatear ainda mais as universidades. Os ônibus, pagos através da coleta entre estudantes, foram sendo lotados e dirigidos ao local do evento, o Diamond Convention Center.

Os primeiros estudantes tiveram de pular as grades pois o acesso era restrito. O acesso foi permitido aos inscritos antecipadamente através de senhas distribuídas pelos organizadores. Outros ônibus chegaram e os estudantes forçaram a abertura do portão principal até que foi aberto.

Palavras de ordem como: Foi pra lutar, que eu vim aqui, contra a reforma do FMI ou ainda, Governo Lula que traição, essa reforma é a privatização! foram cantadas quando os alunos iam adentrando. Cerca de 500 estudantes participaram do ato. Os assessores do MEC íam saindo de fininho quando veio uma salva de vaias para eles. A UJS/PcdoB, base deste governo, também saiu do auditório sob os gritos de “traidores”.
Pode-se ver a disposição de luta dos estudantes. O fechamento do Campus não foi
questionado muito menos enfrentamentos. Havia um sentimento de que era necessária
aquela manifestação. Isso se deve ao trabalho feito ao irmos de sala em sala. Esse ato deve ser o primeiro suspiro de uma onda de manifestações que deve tomar conta do país. O PT e o PCdoB nunca foram tão desmascarados sem que ninguém os defendesse.

A audiência terminou em uma assembléia de estudantes que encaminhou fórum de debates sobre a reforma. Estiveram presentes no ato estudantes de Boa Vista, Santarém, Rio Branco e Belém, além dos presidentes do ANDES-SN, da ADUA, Isaaque Lewis, e do Sintesam. Este inclusive iria participar da audiência – é do PCdoB. Muitos estudantes ligados ao PT e PCdoB estavam na audiência legitimando-a e traindo os estudantes.

Os estudantes da UFAM protagonizaram o impedimento da primeira das cinco audiências privatista do governo Lula, atitude que deverá ser seguida por todo o movimento estudantil brasileiro. Devemos impedir que este governo neoliberal propagandeie que discutiu essa reforma privatizante com a “sociedade”.