Ocupação na Ufal

Resistência já dura 15 dias e se encaminha para repressão por parte da direção da universidadePor volta das 9h do dia 26 de outubro, cerca de 35 estudantes, organizados em torno do Comando de Mobilização Estudantil (formado pelo DCE, Centros e Diretórios Acadêmicos) ocuparam o gabinete da reitoria da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) por tempo indeterminado. Com uma pauta que inclui reivindicações locais (como abertura do restaurante universitário para todos os estudantes, o fim da cobrança de taxas dentro da instituição, exoneração do pró-reitor estudantil Eurico Lôbo do cargo e não cessão dos bens da universidade para empresas privadas) e bandeiras nacionais (apoio à greve dos técnicos e professores, contra o governo Lula, contra a reforma Universitária e contra a traição da União Nacional dos Estudantes), os estudantes permanecem ocupando a reitoria e não sairão até que a reitoria atenda as reivindicações.

No primeiro dia de ocupação, a reitora Ana Dayse Dórea não levou o movimento à sério e reuniu-se com os pró-reitores sem dar satisfação aos estudantes que já estavam em seu gabinete antes dela ter chegado na universidade. Na parte da tarde, a reitora e sua equipe foram até o gabinete, mas ela apenas ouviu o que os estudantes tinham a dizer e não se comprometeu em atender as reivindicações.

A ocupação ganhou a adesão de outros estudantes, que chegavam até a reitoria para permanecer na ocupação, e dos corpos técnico e docente da Ufal, que redigiram moções de apoio ao ato estudantil e pediram que a reitoria atendesse a pauta dos estudantes, alegando que a mesma é viável. Enquanto o movimento crescia a reitoria ignorava-o, acreditando que venceria os estudantes pelo cansaço, mas a tática não deu certo e houve um recuo da gestão no sexto dia de ocupação, quando os estudantes foram procurados para uma reunião de negociação.

Nessa reunião, nenhum ponto foi garantido, mas a gestão enviou um documento com alguns posicionamentos sobre as pautas, alegando que apenas o Conselho Universitário (Consuni) poderia atender algumas destas. Na quinta-feira, dia 3, aconteceu uma reunião do Colegiado Especial da Ufal e uma de nossas vitórias foi garantida: tirou-se uma moção de apoio à greve por parte da Ufal, que encontra-se paralisada desde o dia 27 de setembro. Na reunião foi discutida também a ocupação do gabinete pelos estudantes, num clima muito tenso, onde nenhum posicionamento foi tirado, mas a gestão mostrou sua cara através de “testas de ferros” da reitora Ana Dayse, que partiam em defesa emotiva do trabalho da gestão agredindo verbalmente os estudantes (numa tentativa de provocação) e propunham o uso de força policial para desocupação imediata do gabinete, mesmo com os três segmentos que compõem a universidade (estudantes, técnicos e professores) apoiando o ato.

Na noite do mesmo dia outra reunião aconteceu e dessa vez a reitoria discutiu em favor das pautas dos estudantes, comprometendo-se a aprovar no Consuni as reivindicações da categoria. Decidiu-se então manter a ocupação até o Consuni (que aconteceria na segunda-feira, 07/11) e, tendo o atendimento das reivindicações garantido, haveria a desocupação. Mas a reitoria não cumpriu com o esperado e não acenou para o atendimento de nenhuma das pautas, tentando ludibriar os ocupantes com a criação de grupos de estudo e trabalho para saber qual seria a viabilidade de atender as pautas, sem acenar para nada concreto.

A ocupação foi mantida e desde então, dia após dia, um clima de tensão entre as partes vem se mantendo. De um lado os estudantes mostram que só saem se tiverem contemplados os seus anseios, do outro a reitoria distorce a realidade e sai dizendo que fechou um acordo com os estudantes de que nós desocuparíamos o prédio com a simples discussão de nossas pautas no Consuni, mesmo que sem nenhum atendimento.

Tentou-se pela parte dos estudantes manter as negociações e foram encaminhados desde a segunda-feira (07/11) até a reitoria termos de compromisso, para que a gestão assinasse se comprometendo que as pautas seriam atendidas, tratando de cada ponto em separado. Entretanto a reitoria se negou a assinar os termos e argumenta que “esgotou as possibilidades de diálogo”. Ligações anônimas feitas aos estudantes com ameaças levantam rumores de uma possível ação da polícia federal, devido a um pedido de reintegração de posse feito pela reitora Ana Dayse.

Mesmo sob pressão intensa de uma gestão anti-democrática, o movimento estudantil da Ufal reafirma a cada dia sua pauta e pede apoio das entidades locais e nacionais para manter essa luta em defesa da universidade sempre pública. Já foram enviadas até o Comando de Mobilização Estudantil 17 moções de apoio e outras estão encaminhadas. Técnicos, professores e trabalhadores de outros setores têm enviado ajuda financeira e alimentos para manter a ocupação.

Esse ato tem demonstrado uma resistência legítima em defesa da universidade e contra a sua iminente privatização, explicitada na reforma Universitária do governo Lula. As universidades encontram-se em greve e tem sido curioso o papel da UNE, que joga o movimento no imobilismo, apóia a reforma e não propõe ações diante de uma conjuntura completamente desfavorável para o ensino público.

Veja a moção de Apoio e Solidariedade à Ocupação da Reitoria
A universidade pública brasileira vive uma grave crise. De 1994 a 2005, o orçamento das universidades vem caindo paulatinamente, enquanto o pagamento dos juros da dívida externa não pára de crescer. O resultado dessa política de corte de verbas e de benefícios aos banqueiros é que hoje as universidades públicas não têm dinheiro nem mesmo para pagar as contas de água, luz e telefone; não existem mais bandejões gratuitos; as moradias estudantis encontram-se em condições inabitáveis; e os prédios, bibliotecas e laboratórios estão caindo aos pedaços. Segundo dados do Grupo de Trabalho Interministerial do governo, faltam 18.097 professores nas universidades federais.É neste sentido que declaramos nosso apoio à ocupação da reitoria da ufal pelos estudantes, acreditamos que somente através da luta os trabalhadores, os estudantes e as demais organizações sociais puderam mudar a realidade asfixiante da usura do capital. Ao mesmo tempo também que prestamos nossa solidariedade a essa ação em defesa de uma Universidade pública, gratuita e de qualidade.

À luta companheiros.

ASSINAM:
CONLUTAS – COORDENAÇÃO NACIONAL DE LUTAS
SINDIPETRO – SINDICATO DOS QUÍMICOS E PETROLEIROS AL/SE
PSTU – PARTIDO SOCIALISTA DOS TRABALHADORES UNIFICADO

  • Moções podem ser enviadas para o e-mailmariorufinofjr@hotmail