Membros da chapa da Conlute comemoram a vitória
Tiago Guapo

No dia 26 de setembro, aconteceu a eleição para o Diretório Central dos Estudantes da Universidade Estadual de Maringá. O Movimento Caminhando, que faz parte do colegiado nacional da Coordenação Nacional de Luta dos Estudantes (Conlute), construiu uma chapa para disputar a eleição.

De maneira democrática e transparente, a chapa foi construída através de plenárias abertas e foi fruto do intenso processo de lutas que ocorreu na universidade contra a reforma universitária e em defesa da educação pública. Como não poderia ser diferente, a Chapa Caminhando se tornou a maior da história da Universidade e com grande representatividade: 114 integrantes e presença em praticamente todos os cursos.

UNE: derrotada na assembléia e nas urnas
É preciso ressaltar que a eleição só aconteceu graças à mobilização estudantil. A gestão que dirigia o DCE, ligada à UNE, estava com o mandato vencido, não representava os estudantes e não prestou contas de mais de R$ 50 mil reais. Um coordenador chegou a chamar a polícia, antes de a gestão ser destituída, para reprimir os estudantes quando esses foram buscar explicações. Para garantir a própria democracia, os estudantes tiveram de lutar.

Reunidos em assembléia geral, autoconvocada a partir de um conselho de Centros Acadêmicos, os estudantes destituíram a gestão da UNE e compuseram uma Comissão Provisória (CP). A UNE não compareceu à assembléia.

A CP tinha como meta resgatar a entidade para os estudantes e realizar a eleição do DCE. Na eleição, a UNE voltou com nome e cara nova. Porém o resultado das urnas também foi amargo para os governistas: 1.576 para a Chapa da Conlute e 853 para a Chapa da UNE.

Os estudantes decidiram que não querem mais as velhas práticas tacanhas e governistas, tanto em assembléia, quanto nas urnas.

UNE: truculência e governismo! Esse é o velho movimento estudantil
Não foi fácil garantir a realização da eleição. A UNE, imaginando a derrota, se utilizou de todo seu arsenal financeiro e político para garantir uma entidade nas garras dos governos estadual e federal.

De todo o país, vieram representantes da UNE e da União Paranaense de Estudantes (UPE), ligada ao mesmo grupo político. Não questionamos a vinda de estudantes para ajudar uma determinada chapa. O que nos indigna é que a UNE nunca aparece nas universidades, só aparece para eleger delegados fraudados, para impedir que os estudantes retomem suas entidades e para fazer propaganda pró-governo.

Festas, churrascos, camisetas e muito dinheiro para agrupar 30 estudantes na chapa. Esse foi o número que PT, PCdoB, PMDB e PPS conseguiu conformar para a disputa.

A truculência e o método trapaceiro também foram marcas registradas dessa entidade degenerada: tentativa de roubo de urna, pessoas pagas para trabalhar na campanha e intimidar os estudantes, agressão física, ameaças, negação de identidade (passaram em salas dizendo que eram estudantes da UEM, negando ligação com a UNE) e até gesto obsceno em pleno debate para todos os estudantes presentes.

Até contra os professores a UNE se posicionou. Na eminência de uma greve das instituições de ensino do Paraná, a chapa da UNE fez um plebiscito fraudulento (afirmando que assembléia não é um espaço representativo) para decidir a posição dos alunos sobre a possibilidade de greve. O plebiscito fraudado decidiu contra a greve. Logo em seguida, a chapa da UNE espalhou cartazes e banners por toda universidade contra os professores da UEM e afirmando que era decisão acadêmica a posição contra a greve, passando por cima da legitimidade do movimento e do próprio estatuto da entidade.

A resposta dos acadêmicos aos pelegos da UNE não poderia ser outra. Em vários campi da UEM os próprios estudantes trataram de expulsar a “pelegada” da universidade. Logo após a apuração, os pelegos da UNE foram expulsos da UEM.

Apostar no novo
O novo movimento estudantil pede passagem. Sem os velhos vícios e práticas da UNE, uma nova etapa de reconstrução é iniciada. É preciso resgatar todas as entidades e colocá-las a serviço da defesa da universidade pública. O DCE da UEM e a Conlute do Paraná estão com uma grande responsabilidade: ajudar, organizar e mobilizar os estudantes na luta em defesa da educação e na construção de um novo movimento estudantil democrático, transparente e independente do governo aqui no estado.

Desde já nos colocamos à disposição do debate sobre a construção de uma nova entidade estudantil, que reúna todos os lutadores e lutadoras do país que apostem no novo e nunca se desvencilhem dos interesses dos estudantes.

O futuro pede passagem e a UNE não fala mais em nosso nome!