Leia reportagem publicada nesta segunda-feira, 10 de novembro, no jornal O Estado de Minas

PSTU ataca a CUT e a UNE e rouba a cena

Patrícia Aranha, do Estado de Minas

O PSTU conseguiu os holofotes no último dia do Fórum Social Brasileiro. Marcada para ser um balanço da atuação dos movimentos sociais nos dez meses do governo Luiz Inácio Lula da Silva, a conferência “Estado e movimentos sociais: repressão, cooperação, cooptação” se transformou em uma cobrança pública sobre a atuação da Central Única dos Trabalhadores (CUT), acusada de perder a autonomia diante do governo do seu principal ex-presidente. “A CUT levou nota vermelha na aula sobre a formação dos fundos de pensão”, disse o professor de história do Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet) de São Paulo, Valério Arcary, doutor pela USP e filiado ao PSTU, ao criticar a central por ter abandonado a defesa da previdência universal em troca da criação de seu próprio fundo de pensão.

Incluído de última hora na conferência, junto com o presidente nacional da UNE, Gustavo Petta, Arcary provocou os colegas e arrancou aplausos inflamados da platéia todas as vezes em que criticou a política econômica do governo Lula e o que chamou de “conivência” da CUT. “Ninguém arrochou mais que o Palocci (ministro da Fazenda, Antonio Palocci) que fez uma escolha estratégica pelo capitalismo, ao conseguir um superávit primário maior do que o acordado com o FMI”, bradou.

Ex-candidato à prefeitura de São Paulo em 1996 pelo PSTU, Arcary condenou a CUT por apoiar o acordo que o governo vai assinar em dezembro com o Fundo Monetário Internacional. “A CUT disse que é a favor do acordo, se ele não prejudicar o crescimento, mesmo sabendo que ele prejudica”, disse. Também a UNE não foi poupada. “A UNE e a CUT não foram construídas para serem unidades chapa branca do governo”, afirmou. Foi o ponto alto do debate. Bandeiras vermelhas do PSTU, do PC do B e até do PT foram levantadas da platéia que a essa hora já batia palmas para todas as intervenções do professor.

Defesa

O presidente da CUT, Luís Marinho, rebateu as acusações e defendeu o governo, o que provocou vaias. “Apóio o governo, mas tenho críticas a várias medidas. O papel dos movimentos sociais não é de apoio incondicional ao governo, mas seria um equívoco ser totalmente contrário ao governo, como alguns querem”, afirmou. Mais tarde, em entrevista, Marinho admitiu que a central não é contra o acordo com o FMI, desde que ele represente a retomada do crescimento da economia. Em seu discurso, Marinho cobrou do PSTU a ausência durante as greves dos metalúrgicos e petroleiros.