Comando do exército tenta preservar regime e mantém ministros de MubarakCompartilhamos a enorme e justa alegria das massas egípcias por terem se livrado de um ditador assassino e corrupto. Mas queremos fazer um alerta: o Comando Central do Exército egípcio que assumiu o poder, aparecendo como uma suposta mudança frente à liderança de Mubarak, sempre foi a espinha dorsal da ditadura.

Na verdade, o alto comando do exército é proprietário de várias empresas em diferentes setores da economia. Controla entre 30% e 40% da economia do país, tendo se enriquecido à sombra da ditadura, à custa da fome e miséria do povo.
Além disso, o exército cumpre um papel fundamental como aliado estratégico dos EUA e Israel na região. Isso é comprovado pela ajuda militar de cerca de 2 bilhões de dólares anuais dos Estados Unidos a esta instituição.

Foi possível ver esse papel das Forças Armadas quando deram cobertura aos grupos pró-Mubarak, ao permitir que entrassem na praça para espancar manifestantes nos dias 2 e 3 de fevereiro. Com a crise provocada pelo curso da revolução, a cúpula militar tenta agora assumir diretamente o processo, livrando-se da figura incômoda de Mubarak para manter seus privilégios e nenhuma mudança significativa no país. A maior expressão disso é a indicação de Mohamed Hussein Tantawi, ministro da Defesa dos últimos vinte anos de Mubarak, para encabeçar o novo governo até as próximas eleições.

Comprometido com os anos de ditadura, o exército não vai punir os crimes, julgar e prender os repressores e torturadores, nem mexer nos interesses econômicos daqueles que enriqueceram à sombra de Mubarak.
O imperialismo, em conjunto com o exército, quer impor ao povo egípcio uma abertura democrática controlada, em que os principais pilares do regime repressivo se mantêm. Quer manter o cumprimento dos acordos políticos, econômicos e militares com o imperialismo, particularmente, com Israel.

Nesse processo de abertura controlada, os setores da oposição burguesa preparam-se para cumprir um papel fundamental. Nesse sentido, o setor encabeçado por El Baradei e a Irmandade Muçulmana já deu declarações favoráveis para compor com os militares um governo de unidade nacional que permita uma transição negociada até as próximas eleições, e aceita que se mantenham os acordos com o imperialismo e Israel.
A grande vitória alcançada pela revolução com a derrubada de Mubarak é apenas o começo e não o fim da luta contra a opressão do povo daquele país.
O imperialismo e a burguesia egípcia estão tentando impedir que o povo alcance uma vitória maior do que a já conquistada, evitando que a ruptura com o anterior regime se estenda.

O exército não vai querer a liberdade para que se possam denunciar os crimes da ditadura nem para que os trabalhadores tenham liberdade sindical e direito de greve, o que ameaçaria os lucros fabulosos da burguesia. Um governo integrado pelos homens de Mubarak é um obstáculo à revolução!

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