O ano começou agitado no movimento estudantil. O corte de R$ 3 bilhões no orçamento da educação tem tido efeitos concretos nas escolas e universidades brasileiras. A escassez de verbas atinge em cheio as instituições de ensino, como a UFJF – que opera com orçamento 50% menor em relação a 2010 –, e vão se espalhando dificuldades, como a falta de professores, atrasos nas bolsas, filas enormes nos bandejões e cortes nos trabalhos de campo.

O investimento do governo Dilma na propaganda de sua política educacional é imenso. Mas uma análise mais rigorosa dos projetos em curso e da nova proposta de PNE em tramitação não deixa dúvida de que o governo está, na verdade, atacando a educação pública. Nesse mesmo contexto estão os cortes de verbas e a meta de reduzir em 38% o custo por aluno de graduação, prevista no “Relatório Plurianual 2008-2011 do MEC”.
Em resposta, começam a pipocar lutas estudantis em defesa da qualidade no ensino. Na UnB, por exemplo, há uma mobilização em curso, depois que a universidade sofreu um vergonhoso alagamento, fruto da precariedade física de seus prédios. Após um ato unificado no MEC, o DCE daquela universidade e a Anel foram recebidos pelo ministério, que se comprometeu com uma verba emergencial para recompor os danos sofridos.

Também na UESPI, UESB e UFRN, os estudantes protagonizam manifestações em defesa da educação pública. Há, ainda, a belíssima greve dos terceirizados da USP, que conta com expressiva solidariedade estudantil (veja o box). A Anel tem procurado se ligar a todas essas lutas e assumir a tarefa de unificá-las em seu 1º Congresso, em junho.
O congresso da UNE, por sua vez, é incapaz de dar conta dessa missão. Além da ausência da velha entidade nas lutas em curso, a UNE centra esforços em uma campanha de fachada por mais verbas. Diz que quer 10% do PIB para a educação, mas finge que nem ouviu falar que Dilma cortou R$ 3 bilhões, enquanto prepara mais um congresso de saudação ao governo.

Assim, o 1º Congresso da Anel vive agora um momento decisivo. Escolas e universidades em diversos estados do país já elegeram seus delegados e delegadas, e outras tantas já têm suas eleições marcadas. É a hora em que a mobilização de uma ampla base, ao redor da luta contra os cortes e por 10% do PIB para educação, se materializa na escolha dos representantes dos estudantes no congresso.
A inspiração encontrada no papel da juventude nas revoluções árabes tem motivado a entidade a gastar suas energias na organização de um poderoso congresso, que unifique as lutas e dê fôlego aos sonhos dos estudantes brasileiros.

Post author Jorge Badauí, da Sec. Nacional de Juventude do PSTU
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