Multidão marcha pelas ruas de Madri

País parou nesse dia 29 contra reformas trabalhista e previdenciária do governo ZapateroA jornada de greve geral desse dia 29 de setembro na Espanha paralisou o país. Segundo as centrais sindicais – CC.OO e UGT -, pelos menos 70% dos trabalhadores cruzaram os braços. Em Madri, 95 mil manifestantes, segundo o jornal El País saíram às ruas. Em Barcelona, a estimativa é de 75 mil. Em Valência foram cerca de 30 mil manifestantes.

As principais indústrias, entre elas as metalúrgicas e da construção, além dos grandes mercados de abastecimento de matérias-primas, paralisaram desde a madrugada do dia 29. A greve geral em Madri teve especial impacto na rede de transporte público da região, sobretudo na circulação do ônibus urbanos e interurbanos. Os aeroportos operaram com os serviços mínimos. Em todo o país, 83% do setor de transporte paralisaram. Ainda segundo as centrais sindicais, 65% dos trabalhadores de energia, 92% do setor de limpeza, 56% da educação e 79 do setor de Correios, cruzaram os braços.

Crise
Seguindo o rumo catastrófico da economia capitalista da União Europeia, a Espanha agoniza. Para manter o lucro dos capitalistas em meio à crise, o governo Zapatero, do PSOE, quer impor um feroz golpe à classe trabalhadora através de uma reforma da Previdência que pretende ampliar para os 67 anos a idade para se aposentar.

Além disso, o governo aprovou uma reforma trabalhista que possibilita um empresário demitir um trabalhador pagando apenas 20 dias do ano (40% desse valor é financiado pelo próprio Estado). Essa medida facilita as demissões e vai ampliar o exército de desempregados que somam 4,6 milhões de trabalhadores.

CSP-Conlutas presente
O dirigente licenciado da CSP-Conlutas, Dirceu Travesso, também candidato ao Senado pelo PSTU em São Paulo, e Carlos Sebastião, o Cacau, da Secretaria Executiva da central acompanharam de perto as mobilizações na Espanha. Enquanto Travesso passou o dia em Madri, Cacau esteve em Barcelona.

“A paralisação é grande e forte nas fábricas metalúrgicas, particularmente nas montadoras, cordões industriais, além de setores de limpeza pública. Aqui em Madri só o metrô funciona normalmente, mas quem utiliza os trens da região leva cerca de 50 minutos esperando nas estações. Os motoristas de ônibus também paralisaram”, afirmou ao site da CSP-Conlutas.

Já Cacau explica que a greve contou com forte adesão em Barcelona, paralisando setores industriais inteiros, além dos transportes. O dirigente acompanhou um piquete na TMB (Transportes Metropolitanos de Barcelona), onde pôde constatar o desgaste das centrais sindicais tradicionais. “O ódio à UGT e às Comissiones Obreras [centrais sindicais com posicionamento político mais à direita] é algo incrível. Estas centrais foram ao piquete pra controlar a saída do efetivo mínimo e eram vaiadas pelos demais setores, que faziam piadas num megafone”, comentou, salientando ainda, que os representantes das centrais mesmo sendo os setores majoritários do movimento sindical no Estado Espanhol, nada faziam.

Ou eles ou nós
A greve do dia 29 foi muito importante. Pode indicar um novo momento da situação política espanhola, marcada pela reação dos trabalhadores contra os ataques do governo. Mas o objetivo da burocracia sindical ao chamar o protesto, depois de tentar evitá-lo ao máximo, é retirar pressão do movimento de massas e dar um novo fôlego a Zapatero, governo o qual eles apoiam. O secretário geral de CC. OO, Ignacio Fernández Toxo, não esconde esse objetivo: “esta greve não está convocada para derrota o Governo, mas para que retifique e olhe a sua esquerda”, disse neste dia 29, em meio a greve geral.

A Corriente Roja, na contramão das direções das centrais sindicais, afirma o contrário: “Ou eles, ou nós” é a manchete que estampa seu jornal. A CR defende que a a vitoria dos trabalhadores só pode ser alcançada com a derrota do governo Zapatero e dos capitalistas. Por isso, a organização chama a continuidade dessa luta. Protestos como o do dia 29 devem entrar por outubro afora.

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