Há um ano começava em Madri uma vigília que reuniria milhares na Praça Puerta del Sol, centro da cidade. Foi um dos maiores e importantes protestos contra os planos de resgate dos bancos então aplicados pelo governo social democrata de Luis Zapatero.

Conhecidos como “indignados”, os manifestantes eram formados, sobretudo, por jovens sem perspectiva de futuro, que lutavam contra o desemprego, a informalidade, os baixos salários e os ataques do governo aos seus direitos. O movimento foi claramente inspirado na ocupação da Praça Tahir, realizada nas heroícas mobilizações que derrubaram a então ditadura de Mubarak.

Para marcar o primeiro ano da coupação, o “Movimento 15M” – surgido em Puerta del Sol – quer voltar a acampar na Puerta del Sol, entre 12 e 15 de maio, para não só marcar o aniversário da ocupação, mas também para renovar as exigências de mudanças sociais, políticas e econômicas.

Um ano depois, pouca coisa mudou na Espanha. O desemprego ainda aflige 20% da população economicamente ativa no país, mas entre os jovens supera os 40% ou até 50% em algumas regiões. O governo social-democrata, desgastado pelo seu servilhismo ao grande capital, foi substituído pela direita tradicional. Uma simples alternância de poder entre os principais partidos do regime que pretende garantir a continuidade dos ataques.

A nova marcha na Puerta del Sol faz parte das propostas para a mobilização global convocadas para este período de maio. Em Madri, a nova ocupação foi marcada para o dia 12 de maio, e prevê uma manifestação em quatro pontos diferentes da cidade, todas elas convergindo para Puerta del Sol.

O protesto poderá se enfrentar com a ação repressora dos governos. O presidente do Governo regional, Esperanza Aguirre, disse que impedirá os atos supostamentes “ilegais” previstos para a Puerta del Sol. Em abril, o recado do governo central foi claro: “Não vai ter acampamentos, porque são atos ilegais”, ameaçou o ministro do Interior, Jorge Fernández Díaz. As ameaças correspondem ao crescente autoritarismo com o qual o governo de direita vem lidando com os protestos no país. Algo que pôde ser visto na última greve geral realizada no dia 28 de março.

A jornada de manifestações no dia 12 poderá um novo impulso as manifestações no país. O resultado das eleiçõntos da França e Grécia mostra um grande repúdio ao receituário neoliberal de “ajustes fiscais”. Novos ventos sopram e podem incentivar novas lutas pelo velho continente. Mas a derrota do capital financeiro só brotará das ruas, nas lutas dos trabalhadores e jovens europeus.