Aconteceu em Brasília-DF, na sexta-feira, 30 de janeiro, na sede da Fenajufe (Federação Nacional dos Trabalhadores do Judiciário Federal e do Ministério Público da União), uma expressiva reunião do Espaço de Unidade de Ação.

O auditório ficou pequeno para os quase 100 participantes. A reunião contou com a presença de mais de 45 entidades, dos mais diversos setores sindicais, além de movimentos populares, do campo e da cidade, movimentos estudantis e da juventude. 17 estados de todas as regiões do país estavam representados.

Convocada inicialmente pela CSP-Conlutas, Condsef  (Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal), Feraesp  (Federação dos Empregados Rurais Assalariados de São Paulo) e pelo MLS (Movimento de Luta Socialista), a reunião ganhou a adesão de importantes entidades, dentre elas a Conafer  (Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Rurais do Brasil), a FNP (Federação Nacional dos Petroleiros), a COBAP (Confederação Nacional de Aposentados e Pensionistas) e ainda do Jubileu Sul Brasil.  

Participaram ainda na condição de observadoras duas outras centrais: a CGTB e a Intersindical. E outras correntes sindicais estiveram presentes pela primeira vez: a Unidade Classista, ligada ao PCB e a Unidos pra Lutar, ligada à CST-PSOL.  

A coordenação do Espaço de Unidade de Ação está fechando as resoluções da reunião e vai encaminhá-las nos próximos dias para todo o Brasil.

Preparar e organizar a resistência dos trabalhadores
O ponto central da reunião foi a avaliação do cenário político e econômico e a definição dos eixos de atuação conjunta no enfrentamento às políticas patronais e dos governos federal, estaduais e municipais, que atacam direitos.

A reunião aprovou uma declaração política e indicou a realização de uma campanha a ser desenvolvida na base dos setores e categorias. Indicou também a realização de reuniões nos estados e a edição de um jornal nacional do Espaço de Unidade de Ação, “para fomentar a agitação política na base e que também tenha um conteúdo de propaganda e formação”.  

Ficou prevista uma nova reunião no final de fevereiro ou início de março.  

“Os trabalhadores não aceitam pagar a conta da crise”
Esse foi o eixo comum aprovado por acordo na reunião, para dar globalidade e buscar unificar as lutas da classe trabalhadora, dos setores populares e da juventude. Esse eixo comum procura “traduzir a nossa luta contra a política econômica e os ataques dos governos e dos patrões”.  

Como políticas concretas, em torno a esse eixo, o Espaço de Unidade de Ação definiu como bandeiras, dentre outras, a luta em defesa do emprego, contra qualquer retirada de direitos, a exigência de revogação das MP’s 664 e 665, a participação nas mobilizações que estão ocorrendo pela crise da água e contra o aumento das passagens, o apoio às mobilizações em curso, dentre elas as campanhas salariais dos servidores públicos federais e a jornada de luta dos trabalhadores do campo.  

A reunião votou ainda seguir a luta contra a criminalização dos movimentos sociais, dos ativistas e da população da periferia, as lutas pelo direito à moradia e pela reforma urbana, além da defesa da Petrobras 100% estatal e a volta do monopólio estatal do petróleo. A reunião também se pronunciou pela apuração e punição de todos os envolvidos em corrupção, na Petrobras e no caso do cartel do metrô e ferrovias de São Paulo.

Foi ainda orientado e reforçado que, a partir desses eixos, se busque dialogar mais amplamente com todos os segmentos dispostos a lutar e que esses eixos sejam precisados em cada local ou região, tendo ainda um corte de gênero, geracional (juventude trabalhadora), de raça e etnia, de defesa dos direitos LGBT’s, que são setores ainda mais afetados por parte dessas políticas.  

Chamado à unidade
A reunião fez um debate sobre a necessidade da unidade para lutar, sendo entendimento comum que a unidade se constrói em torno a eixos concretos de luta.  

Como construir a unidade para além das entidades do Espaço de Unidade de Ação será um dos temas que a Coordenação vai acompanhar, dialogando com outras forças e setores e, havendo acordo, orientando uma participação ou não das entidades nas mobilizações convocadas por outros segmentos. A reunião aprovou ainda moções de apoio e solidariedade aos trabalhadores do Comperj, da Volkswagen e aos metroviários de São Paulo, demitidos pelo governo de Geraldo Alckmin (PSDB).  

Podemos considerar que a reunião foi vitoriosa e agora temos o desafio, tanto nós da CSP-Conlutas, quanto os demais parceiros do Espaço de Unidade de Ação de dar seguimento às iniciativas votadas.  

Esse deverá ser um dos temas centrais da primeira reunião da nossa Coordenação Nacional deste ano, que acontece no final de fevereiro, em São Paulo.  

Sebastião Carlos ”Cacau” Pereira é membro da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas

Publicado originalmente em www.cspconlutas.org.br