No dia 22 de maio, ocorre em São Paulo o julgamento do processo de emissão da posse da fazenda da Barra, na região de Ribeirão Preto (SP), onde um pré-assentamento reúne em torno de 200 famílias organizadas pelo MLST (Movimento
de Libertação dos Sem-Terra) e 250 famílias organizadas pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra). Marcos Praxedes, dirigente do MLST e morador deste pré-assentamento, conversou com o Opinião Socialista sobre o julgamento e a importância do dia 23 de maio. No dia do julgamento, haverá um ato a partir das 13 horas em frente ao Tribunal Regional Federal (TRF), na avenida Paulista, 1642. O MLST chama todas as entidades e ativistas a participar da manifestação.

Opinião Socialista – Qual a relação do MLST com a Conlutas?

Marcos Praxedes – Enxergamos hoje que a Conlutas realmente tem um compromisso com os movimentos populares. O MLST veio para somar, para ajudar a construir a Conlutas, entendendo que ela é uma ferramenta muito importante para os trabalhadores do campo e da cidade.

Qual a importância de a Conlutas reunir trabalhadores de movimentos populares, sindicalizados e juventude?

É extremamente importante, porque os trabalhadores foram traídos em tudo no que apostaram nos últimos anos. A questão financeira fez com que outras entidades se vendessem e se atrelassem ao governo federal, deixando de fazer a luta dos trabalhadores. Há muito tempo a gente não vê movimentos de massa, justamente porque as entidades que estavam representando esses trabalhadores se atrelaram ao governo.

Você é da região de Ribeirão Preto, conhecida pela concentração de usineiros e pelo monocultivo de cana-de-açúcar. Como é lutar pela terra neste ambiente?
Nós estamos no meio de um fogo cruzado. Os usineiros têm um poder muito grande e nós temos o poder popular. No dia-a-dia, a própria população tem enxergado os malefícios do monocultivo da cana. A gente enfrenta dentro do próprio Poder Judiciário uma série de sanções. Então eles vão manipulando e corrompendo com o dinheiro, e a gente vai do outro lado lutando e cortando cerca e entrando para dentro.

A posse da fazenda do pré-assentamento de vocês terá julgamento nos próximos dias. Qual é a expectativa?

O pessoal está eufórico porque nós já ganhamos a decisão em primeira instância. Mas vamos levar umas 150 pessoas do pré-assentamento para a porta do TRF na avenida Paulista, para fazer pressão sobre o Judiciário. E estamos contando com a ajuda de outras entidades, queremos convidar todos que puderem a estar com a gente neste dia.

Como está a organização do MLST para a Jornada de Lutas do Dia 23?

Nós vamos fazer uma reunião da direção do MLST para discutir em que áreas nós vamos atuar. Mas vamos mobilizar em todo o país, com ocupações e fechamento de rodovias. Vamos participar em peso do dia 23 de maio, também levantando a bandeira contra a criminalização dos movimentos sociais. O governo já deixou claro de que lado está e que projeto ele quer defender. Acho que vamos ter uma força muito grande de mobilização, e esta é a única forma de a gente conseguir modificar alguma coisa.

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