A greve nacional dos Correios atinge sua primeira semana e se expande cada vez mais. O jornal Opinião Socialista conversou com Ezequiel Filho, militante do PSTU e da Conlutas e membro da oposição à direção majoritária da Fentect (Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios, Telégrafos e Similares).

Opinião Socialista – Qual sua avaliação da greve até o momento?
Ezequiel Filho
– A greve começou no dia 13 e está muito forte. Ela se estende por 24 estados, atingindo 28 dos 33 sindicatos da Federação. Só não atinge Mato Grosso do Sul, Espírito Santo, Roraima, Sergipe e Bauru. É uma greve que se expande para o interior e que conta com uma média de 80%, 85% de adesão. Em alguns lugares, a paralisação chega a 90, 95%. Além disso, a greve atinge praticamente todos os setores da empresa. Desde a recepção de correspondências, o setor de tratamento das correspondências, até o setor de transporte e distribuição, a greve está muito forte entre os motoristas, e com uma grande adesão entre os carteiros. Trata-se de uma forte greve que atropelou a direção do movimento.

OS – Qual tem sido a política da direção da Fentect nessa campanha salarial?
Ezequiel
– Desde o início da campanha salarial, a política da direção majoritária da Fentect, com a Articulação e o PCdoB à frente, tem sido a de impor, junto com a direção da empresa, um acordo rebaixado à categoria. Só que eles foram surpreendidos pela mobilização da categoria, tanto na forte paralisação do dia 22 quanto nas assembléias do último dia 12. Eles não conseguiram impor o acordo rebaixado, que a categoria considerou uma provocação. A proposta deles foi rechaçada pelos trabalhadores. Já durante a greve, a postura da direção é a de barrar a luta. Mas, apesar de algumas manobras que tentaram, eles não têm conseguido.

OS – Quem também está contra a greve é o PCO. Por que isso acontece?
Ezequiel
– O PCO se colocou como um verdadeiro fura-greve. Não preparam nada, ficaram completamente por fora da campanha salarial. Quando o movimento finalmente se organizou nacionalmente e impôs à direção uma pauta que não era rebaixada, com um calendário de lutas, o PCO rompeu unilateralmente. Tiraram uma pauta da cabeça deles e ficaram fazendo a disputa de forma superestrutural. Atuam agora na greve com base nas mentiras e calúnias, principalmente contra a Conlutas. Com isso, estão atraindo o repúdio da base da categoria. Eles dizem que não tem greve, não tem mobilização, mas o trabalhador vê que está tendo greve. Mais do que isso, o PCO tem a política consciente de derrotar a greve, a fim de justificar sua política. Por isso, nem vão aos piquetes. O repúdio é tanto que até agora não conseguiram falar em nenhuma assembléia e nenhum comando.

OS – Como tem sido a posição da direção da empresa?
Ezequiel
– A empresa continua intransigente e ameaça agora levar a greve à Justiça. Porém, a categoria não recuou. Já chega a sete milhões o número de correspondências paradas nas agências. A greve segue firme e forte.

OS – Qual a política da Conlutas?
Ezequiel
– A Conlutas tem atuado no movimento no sentido de fortalecer e expandir a greve. Além disso, nossos esforços são para que os lutadores grevistas possam decidir os rumos do movimento. Ou seja, achamos que são os trabalhadores que devem decidir e organizar a greve, através de seus comandos. Essa tem sido nossa atuação nos sindicatos que dirigimos em Pernambuco, na Paraíba, no Amazonas e, em São Paulo, no Vale do Paraíba e São José do Rio Preto. E, nos locais que somos oposição, temos batalhado pela mais ampla democracia, pois só através de um forte movimento impulsionado pela base conseguiremos derrotar a política do governo e da direção da empresa, de aplicar arrocho salarial e a retirada de direitos, como uma forma de iniciar a privatização da empresa. A única forma de derrotar essa política é derrotando a direção da empresa e governo.
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