O Opinião ouviu o presidente do Andes-SN, Ciro Teixeira Correia, e Saulo Arcangeli, presidente do Sintrajufe-MA (MA), membro da Secretaria Executiva Nacional da Conlutas. Os dirigentes falaram sobre o que pensam do Seminário Nacional da Comissão para a ReO Andes tem tido uma participação ativa no processo de reorganização do movimento sindical e popular. Quais os principais acúmulos que a entidade teve neste debate?
Ciro
– Eu diria que o elemento mais importante da compreensão que temos construído sobre o momento, com o acirramento do presente ciclo de crise econômica que o capitalismo determina de tempos em tempos, que tem produzido taxas cada vez maiores de pessoas excluídas do mundo do trabalho e levado à condições de precarização cada vez mais aviltantes, é encontrar mecanismos que permitam reorganizar o movimento sindical e popular de modo a promover a articulação mais orgânica possível das organizações do mundo do trabalho. O que compreende organizações sindicais, de oposição sindical, com os setores que também se colocam nesta perspectiva de luta, que se encontram presentes nos demais setores da sociedade, no âmbito dos movimentos populares, nas cidades, dos que lutam pela reforma agrária no campo, dos setores da juventude que se encontram mobilizados nas instituições de ensino, que lutam em defesa do meio ambiente, dentre outros agrupamentos que travam as muitas frentes de luta pelos direitos sociais.

Há uma polêmica sobre o caráter que deve ter a nova entidade que surgirá do processo de unificação. Qual a opinião de vocês sobre este tema?
Saulo
– O momento atual e as lutas que estão colocadas para a classe trabalhadora e os movimentos sociais no país, exigem a unificação em uma Central. Precisamos avaliar o papel histórico que temos neste momento. Não podemos perder esta oportunidade de juntar em uma mesma entidade os que fazem a luta de classe contra a burguesia, o patrão e os governantes, e tem o socialismo como estratégia. Também, não podemos limitar esta discussão apenas ao fortalecimento de tendências e frações, principalmente no campo partidário, e a insensatez de busca de aparatos. A própria história já demonstrou que este caminho é um retrocesso para a organização dos trabalhadores no mundo. Necessitamos disputar consciências, formar a classe, ter autonomia frente a patrões, governos e partidos políticos. A busca do socialismo, a unificação das lutas que ocorrem no país, no campo e na cidade, devem ser nossas tarefas principais. Por isso, defendemos uma central sindical, popular e estudantil. Temos a clareza que fortalecerá seu caráter classista, pois iremos ter entidades combativas, que seguem um programa classista. As entidades que fazem concessões para a burguesia e o capital, com certeza, não participarão da central.

Ciro – Nosso posicionamento é em favor de uma organização que não se restrinja ao mundo do trabalho, mas que supere essa limitação. Que dê conta de permitir uma estrutura orgânica onde possam estar representados também os setores excluídos do emprego formal, com aqueles já organizados e que buscam se organizar no âmbito da juventude, dos trabalhadores do campo, das lutas nas cidades etc. É nesse sentido que tem avançado o debate no âmbito do Andes-SN. E foi nessa direção que caminharam as discussões do último Conselho do Andes (Conad), que deliberou pela posição de defender a nova organização como central sindical e popular, incluindo o movimento estudantil e contra as opressões. Com uma direção como é hoje, com representantes das entidades filiadas e não por tendência política.

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