Servidores foram ao Ministério Público em passeata
João Paulo da Silva

Na manhã desta quinta-feira, 17, várias entidades sindicais fizeram um ato público no município de São Gonçalo do Amarante (RN) para protestar em defesa do direito de greve no serviço público. A manifestação foi a primeira resposta dos servidores aos ataques desferidos pelo prefeito Jaime Calado (PR) e pelo juiz Paulo Sérgio da Silva Lima, que no último dia 8, a pedido da prefeitura, mandou suspender a greve dos trabalhadores da saúde do município, alegando que a categoria não pode fazer nenhuma paralisação.

Como se já não fosse o bastante anular um direito dos trabalhadores garantido pela constituição, o prefeito Jaime Calado passou a punir aqueles que participaram dos dias de paralisação. Assim que a greve foi suspensa, cinco servidoras foram transferidas dos seus locais de trabalho, duas delas foram remanejadas para outra secretaria do município. Além disso, os gerentes das unidades de saúde colocaram faltas no ponto dos grevistas, entre eles estão dois dirigentes sindicais.

O protesto que começou por volta das 10h, saindo da principal praça do centro de São Gonçalo em direção ao prédio do Ministério Público, foi a primeira de uma série de atividades que serão desenvolvidas em defesa do direito de greve. Entre as entidades sindicais que participaram do ato estavam o Sindicato Estadual dos Trabalhadores em Educação do Ensino Superior (Sintest-RN), o Sindicato dos Trabalhadores da Saúde (Sindsaúde-RN), o Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público Federal (Sintesef-RN), a Intersindical e a Conlutas, além de oposições sindicais e partidos de esquerda, como PSTU e POR.

Em frente ao prédio do Ministério Público, vários dirigentes sindicais denunciaram os ataques feitos pela prefeitura e pela Justiça de São Gonçalo como uma afronta a todo o movimento sindical do país.

“Nós estamos repudiando esta atitude que representa uma atitude ditatorial de um prefeito que está a serviço dos interesses do capitalismo e contra os trabalhadores. A Conlutas dá total apoio à luta dos servidores da saúde de São Gonçalo para enfrentar este golpe que está sendo dado no movimento”, afirmou Alexandre Guedes, da coordenação da Conlutas no Rio Grande do Norte.

O protesto desta quinta-feira foi, também, o lançamento de uma campanha nacional contra o ataque ao direito de greve dos trabalhadores. “Começamos hoje uma campanha política forte contra a Justiça e o prefeito desta cidade para que eles recuem e atendam as reivindicações dos trabalhadores, que nada mais pedem do que melhores condições de salário e trabalho”, disse Ailson Matias, militante do PSTU.

Após muita pressão na porta do Ministério Público, uma comissão de dirigentes sindicais foi recebida pela promotoria, que agendou uma audiência entre o MP, o prefeito Jaime Calado e o sindicato dos trabalhadores da saúde para a próxima quarta-feira, 23. O objetivo principal da reunião é garantir a retirada das punições e impedir que a prefeitura realize novos ataques aos grevistas.

A diretoria do Sindsaúde de São Gonçalo afirmou que lutará em todas as frentes possíveis para reverter os ataques do prefeito e da Justiça, sem esquecer que será nas ruas que os trabalhadores conseguirão manter seus direitos.