Nos dias 2, 3 e 4 de julho, aconteceu no campus da Universidade Federal Fluminense, em Niterói (RJ), o I ENETERRA, encontro organizado pelo MST, pela coordenação dos movimentos sociais(CMS), CUT, UNE e esquerda do PT, com o apoio do governo através do ministério do desenvolvimento agrário.

O encontro, que vinha sendo alardeado como um espaço para a juventude debater e se mobilizar em torno de projetos alternativos para o país, foi na realidade um grande palco para que os organizadores desfilassem seu discurso de colaboração com o governo rumo à ruptura do modelo atual.

Em suma perspectiva que se pode dizer no mínimo desatualizada, o encontro serviu ao espírito da “fábula do governo em disputa“, bem demonstrada nas palavras de João Pedro Stédile do MST: “Estamos num momento de transição em que o povo votou contra o modelo neoliberal, mas o governo ainda não conseguiu mudar a política econômica“.

Em um momento em que o governo se apressa a realizar as reformas universitária e sindical e aprovar um salário mínimo de miséria, enquanto enrola para cumprir as próprias metas de Reforma Agrária, nenhuma palavra de denúncia foi dita. O MST, que sofreu repressão neste governo como em nenhum outro, se prontificou para a juventude que esteve presente, restou ouvir a UNE defender o projeto do governo de Reforma Universitária.

A esquerda do PT, mais uma vez, se prestou ao papel de organizar e dar sustentação política para a intervenção do governo no movimento. Prefere a aliança com estes setores à fortalecer as iniciativas independentes do governo como o encontro nacional contra a reforma universitária e a marcha à Brasília do dia 16.

É lamentável o grande consenso que imperou no ENETERRA não tenha permitido a construção de uma agenda de lutas contra o governo, que permita ao movimento impor verdadeiras derrotas ao projeto neoliberal.