Enem no Pará Foto Ricardo Amanajás/Ag.Pará
CSP Conlutas

Central Sindical e Popular

Em meio à segunda onda de Covid-19, com mortes diárias pelo vírus maiores do que o primeiro pico da doença, o governo manteve a realização do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) neste domingo (17). Feito em duas etapas, a segunda prova está prevista para ser aplicada no dia 24 de janeiro.

Essa atitude irresponsável e criminosa expôs estudantes de todo país ao risco de contágio, com salas superlotadas e protocolos de segurança não cumpridos. A Defensoria Pública chegou a entrar com uma ação pedindo a anulação da prova, com a alegação de que o INEP (órgão responsável pela aplicação do exame no país) mentiu sobre protocolos de segurança, ao impor salas com ocupação de 80% dos alunos. O acordo seria de ocupação abaixo de 50%.

Esse aviso de superlotação chegou a ser feito pela UFSC (Unidade Federal de Santa Catarina), antes da aplicação da prova. A instituição encaminhou um documento ao INEP informando que sua estrutura abarcaria a capacidade de lotação de 80%, mas a universidade destacou que cederia o espaço desde que fosse respeitado o limite de ocupação de 40%, o que acabou não ocorrendo.

Esse cenário caótico já previsto, fez com que alunos que foram prestar a prova fossem barrados e impedidos de fazer a prova, já que a capacidade de lotação estipulada pelo INEP havia excedido.  Isso ocorreu no Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e em São Paulo, com forte reclamação de estudantes que saíram de suas casas para fazer o teste e bateram com a cara na porta.

O medo de contaminação também fez com mais de 50% dos estudantes desistissem de fazer o Enem, que é uma das principais portas de entrada para universidade.  De acordo com o Ministério da Educação, de cerca de milhões de inscritos, 2.842.332 alunos não compareceram ao exame, enquanto 2.680.697 foram fazer a prova.

Jovens que perderam a possibilidade de ingressar no ensino superior devido à irresponsabilidade do governo que manteve a aplicação do exame, como se não houvesse pandemia.

Outra reclamação é de que muitos estudantes foram prejudicados, por não conseguirem a estrutura mínima para se preparar para o teste. Isso porque, o estudo à distancia apresentou dificuldades de acesso à internet somado às péssimas condições impostas pelos sistemas das Secretarias de Educação em todo o país.

A polêmica da aplicação do exame gerou disputas judiciais e um forte movimento para que o Enem fosse cancelado até que a pandemia estivesse sob controle no país. Foi alegado que os alunos permaneceriam em salas de aula por mais de 5h de prova, potencializando o contágio e os números da pandemia.  A justiça não acatou o pedido e aceitou a alegação do INEP que garantiu que seguiria os protocolos de segurança. Na prática, foi visto um total desrespeito aos estudantes.

Apenas em Manaus e Rondônia, a aplicação do exame foi cancelada devido ao recrudescimento da doença, inclusive, com falta de respiradores e condições de atendimento aos manauaras.

Governo não prioriza a saúde e a vida

Essa imposição do governo para aplicar o Enem, também é sentida quando o assunto é o retorno presencial às escolas. Uma amostra de que os órgãos competentes não estão respeitando os protocolos de segurança para a não proliferação do vírus pode ser sentida com a aplicação desastrosa do exame pelo país.

Esse cenário de caos ganhará proporções ainda maiores com a determinação de volta às aulas presenciais em, ao menos, 15 estados em fevereiro.  Serão estudantes em salas superlotadas, sem condições mínimas de higiene, potencializando o índice de contágio e consequentemente de mortes pela Covid-19.

Essa confusão gerada com a imposição da aplicação do Enem demonstra que é impossível fazer durante a pandemia, com garantia, atividades escolares”, avaliou a integrante da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas Joaninha Oliveira.

Para Joaninha, o Ministério da Educação deve ser responsabilizado por isso e precisa adiar o Enem. “É um absurdo o número de abstenções, por isso, precisamos garantir segurança, que virá só com a vacina, para que o maior número de pessoas possa fazer a prova”, salientou.

A CSP-Conlutas está com uma campanha permanente pela vacinação em massa, pública, gratuita e para todos. Sem vacina, não tem retorno escolar. Além estabilidade no emprego e renda para a classe trabalhadora e quarentena geral, já”, completou.

É preciso repudiar as ações desse governo, que tem o genocida Bolsonaro à frente, que está levando o povo à morte à doença e à miséria.

Fora Bolsonaro e Mourão!