Redação

Marina Cintra e Mandi Coelho, do Coletivo Rebeldia

Em meio à pandemia e à crise sanitária, Bolsonaro e seu ministro da educação, Abraham Weintraub, insistem em atacar a educação. O governo cortou bolsas do CNPQ nas ciências humanas e fez interferências políticas na nomeação dos reitores dos Institutos Federais em Santa Catarina e no Rio Grande do Norte. Agora insiste em manter a prova do Enem como se tudo estivesse bem no Brasil. Mas não está.

De um lado, estamos nós, estudantes, junto com os professores e a comunidade de mães e pais trabalhadores, fazendo campanha para o adiamento do Enem. Do outro, está o governo, agindo como se tudo estivesse normal, dando declarações horrorosas como a do ministro: “O Enem é para selecionar os melhores médicos, enfermeiros, engenheiros etc. Não é para corrigir desigualdades”, disse.

Propaganda mentirosa

O governo vem fazendo uma propaganda na televisão em que mostra jovens com plenas condições de estudar durante a pandemia. Essa situação não é nem de longe a condição da maioria dos jovens.

Bolsonaro, junto com os governos estaduais, tem tentado colocar o Ensino a Distância (EAD) como forma de solucionar a questão da educação. Os relatos de estudantes, professores, mães e pais dos alunos nos mostram como isso está acontecendo na prática. Muitos professores nem sequer conseguiram entrar em contato com os alunos, devido ao problema da desigualdade no acesso à internet. Muitos estudantes não moram numa casa na qual seja possível realizar de forma plena os estudos ou não têm acesso a computadores, como é o caso dos jovens nas periferias.

Exclusão digital

Na realidade, esses jovens não têm conseguido estudar. De acordo com uma pesquisa realizada em 2019 pela TIC Kids Online Brasil, estima-se que cerca de 3,8 milhões de crianças e adolescentes não tiveram acesso à internet em 2018. Outro dado importante da pesquisa é que 78% dos adolescentes e das crianças das chamadas classes D e E só conseguem acessar a internet pelo celular. Apesar de tudo isso, o ministro se mostra irredutível e diz, mesmo com toda pressão da sociedade, que vai ter Enem esse ano.

Vai aumentar a desigualdade

Weintraub nunca escondeu sua política de privatização da educação e que acha que a desigualdade na educação é parte da vida. O ministro está de braços dados com as grandes corporações da educação, que inclusive querem apostar no Ensino a Distância como o futuro, pois assim se economiza dinheiro e se gera mais lucro. Isso já vinha sendo aplicado há muito tempo, principalmente nas universidades privadas.

Esse é na verdade o principal problema sobre o Ensino à Distância e a manutenção do Enem: vai aprofundar o fosso da desigualdade social que existe no país. De um lado, estão alunos ricos com plenas condições de estudo, como aqueles retratados na nova propaganda do Ministério da Educação. Do outro lado, os jovens pobres e os filhos de trabalhadores, aqueles para os quais o slogan da propaganda, “A vida não pode parar”, é na verdade “vocês é que se virem”.

#ADIA ENEM
Fora Bolsonaro, Mourão e Weintraub

É por isso que devemos agora, mais do que nunca, intensificar a campanha pelo #AdiaEnem. São os estudantes, professores e trabalhadores nessa luta! O dia 15 de maio foi um dia nacional de mobilização pelo adiamento do Enem e pelo “fora Bolsonaro”. Diversos movimentos de juventude participaram de maneira unitária, fazendo pressão e dando visibilidade a essa pauta. Foi um dia importante de luta, e devemos aprofundar e intensificar a campanha.

Achamos muito importante que a UNE aprofunde a campanha e a luta pelo adiamento da prova. Além disso, é preciso se unificar com professores e com a comunidade. No final de tudo isso, se o governo ainda insistir em manter a prova, o movimento estudantil precisa organizar a inviabilização da mesma.

Também somos a favor de botar para fora o ministro da educação e Bolsonaro, que têm uma política obscurantista e de retrocesso para a educação, tendo Olavo de Carvalho como apoio para suas teses.

Não dá mais! Não aguentamos mais a situação pela qual passa o país e o descaso dos governos e de seus ministros. Não aguentamos mais a situação em que se encontra a educação. Por isso, devemos unificar a luta pelo #AdiaEnem com uma luta mais geral pela retirada imediata de Bolsonaro, miliciano, corrupto e ditador; Mourão, que segue a mesma política; e Weintraub, que aplica tudo isso na educação.

O Enem deve ser feito novamente quando todos os jovens tiverem acesso a uma reposição democrática das aulas. Para além disso, também precisamos fazer um debate sobre o filtro social que são os vestibulares e como o acesso ao ensino superior não é nada democrático.

O que defendemos

– Adia já Enem!
– EAD não é a solução e só aumenta a desigualdade na educação!
– Pela revogação nos cortes nas ciências humanas!
 – Contra todos os ataques e cortes na educação!
– Fora Weintraub e seu projeto de privatização!
– Fora Bolsonaro e Mourão!

Entre em contato com o coletivo Rebeldia para construirmos juntos esta campanha! Os estudantes podem e conseguem se organizar mesmo em pandemia e isolamento social!