Durante o feriado da proclamação da República aconteceu em Niterói o 1º Encontro Nacional de Entidades de Base (Eneb) do movimento universitário. O Eneb foi promovido pelas Executivas de Medicina, Comunicação Social, Enfermagem, História, pelo DCE da Universidade Federal Flumi-nense (UFF) e contou com a participação de mais de mil estudantes.
A grande participação no Eneb demonstrou o tamanho do crime burocrático cometido pela direção majoritária da UNE, a União da Juventude Socialista, ligada ao PCdoB, que há mais de quatro anos não convoca um Conselho Nacional de Entidades de Base.
Realizado depois do plebiscito nacional sobre a Alca e da eleição de Lula presidente, o Eneb serviria de espaço para debater as reivindicações e a organização das lutas em defesa da universidade pública e gratuita. Durante três dias se discutiu a luta contra a Alca, a situação nacional, a mercantilização da educação, a situação do movimento estudantil e a opressão racial, sexual e de gênero.
Os estudantes da tese “Rompendo Amarras”, composta por militantes do PSTU e independentes, defenderam que o encontro exigisse do governo Lula a saída das negociações da Alca e realização de um Plebiscito Oficial em 2003. Também defenderam um Manifesto do Encontro a partir das reivindicações estudantis ao novo governo e um calendário de lutas.
“Pelas alianças que fez e pelos compromissos que assumiu, Lula não disporá de recursos para investir na educação. Não temos nenhuma confiança que o governo Lula vá garantir ensino público e gratuito para todos e combater o ensino privado. Nosso papel não é dar sustentação a Lula, mas organizar a luta para que sejam aumentadas as verbas da educação para 10% do PIB, para revogar a reforma educacional de FHC, para que as mensalidades sejam reduzidas e congeladas e pelo fim do ensino privado”, diz Hermano Melo, membro da Executiva da UNE.
Além do Rompendo Amarras, estavam presentes ao encontro as correntes da esquerda do PT: Democracia Socialista e a Força Socialista, da Kizomba; Articulação de Esquerda, da Reconquistar a UNE; Corrente Socialista dos Trabalhadores e o Movimento da Esquerda Socialista.
Para a maioria dessas correntes, o papel do ME mudou, pois agora é necessário “compor, sustentar e disputar o governo”, como dizia o manifesto da AE ao Eneb. “Esses companheiros estão recuando da luta contra a ALCA e o FMI e do não pagamento da dívida externa, não querem exigir nada de Lula, deixando o movimento de mãos atadas”, critica Eduardo Araujo, estudante da UFRJ e diretor da UNE.
Mesmo com todas as polêmicas que permearam os debates, havia uma grande expectativa de que a plenária final aprovasse um manifesto que servisse de referência para a esquerda combativa do ME em 2003.

kizomba da golpe e impede a plenária final

Infelizmente, o Eneb acabou sem que nada fosse aprovado. A teses Kizomba decidiu burocraticamente impedir a plenária final e passou a dispersar o encontro. A tese Rompendo Amarras denunciou o golpe e fez um arrastão exigindo a plenária final, que infelizmente não ocorreu.
“Eles não queriam que o encontro se posicionasse sobre o governo Lula e, por isso, simplesmente acabaram com o Eneb antes da plenária final! Nem o PCdoB fez isso no último Coneb quando viu que poderia perder a principal votação! Mas é preciso continuar a luta por uma nova direção para a UNE, com ou sem as principais correntes da esquerda do PT. Os dados foram lançados e esses companheiros devem fazer sua escolha”, concluiu José Erinaldo Jr., estudante da UFSCar e diretor da UNE
Post author Euclides Agrela,
de Niterói (RJ)
Publication Date