O clima no final do primeiro dia do I Encontro Nacional de Mulheres, nesse dia 19 de abril, era de alegria e animação, apesar de todo o cansaço. Não era para menos. Foi um dia intenso de ricos debates deste evento que já se torna histórico.

O Encontro superou as mais otimistas expectativas. No encerramento do credenciamento na parte da manhã, havia 711 pessoas credenciadas, entre delegadas e observadores e observadoras. No final do dia, esse número já estava entre 800 e 900, sendo que ainda havia pessoas não credenciadas. Ao todo, cerca de mil pessoas estiveram presentes no clube de Regatas Tietê, em São Paulo.

Conjuntura Nacional
A parte da tarde foi dedicada ao debate sobre conjuntura, internacional e nacional. A mesa foi composta pelas diversas correntes políticas que atuam no GT de Mulheres da Conlutas, expressando a diversidade de opiniões no interior da Coordenação.

Vanessa Portugal, da Conlutas de Minas Gerais e Zeza, da Oposição Alternativa da Apeoesp e da ALS coordenaram a mesa. Participaram do debate Luci, da FOS (Frente Operária Socialista) e da Oposição da Apeoesp, Jane da corrente SR (Socialismo Revolucionário), do PSOL, Flávia da corrente LER-QI, Rosane, da ocupação Zumbi dos Palmares, do Rio de Janeiro e Mariúcha Fontana, da direcao nacional do PSTU.

Um dos principais temas discutidos no debate foi o impacto das reformas neoliberais na realidade das mulheres. “A reforma da Previdência ignora a dupla jornada das mulheres”, denunciou Jane, do PSOL, que ainda criticou a opressão vividas pelas mulheres nos locais de trabalho.

“Fomos para as fábricas, o setor público, enfim, para o mercado de trabalho, mas em condições extremamente precarizadas e com dupla jornada”, afirmou, conclamando a unidade da esquerda. “Precisamos unir a esquerda tanto do ponto de vista sindical quanto eleitoral”, disse, citando a “tarefa histórica do GT de Mulheres”.

Ganhar as mulheres para o socialismo
Mariúcha Fontana fez o discurso mais inflamado até agora no Encontro. A dirigente do PSTU afirmou que o Encontro tem não só uma grande importância nacional , como também internacional, sendo parte da preparação para o I Congresso da Conlutas e do ELAC (Encontro Sindical Latino-Americano e Caribenho).

Lembrando a crise econômica que já toma conta dos EUA e que deve atingir em cheio o país, trazendo cada vez mais ataques à classe, Mariúcha falou sobre a importância da construção de uma alternativa de luta. “É função nossa levar adiante a construção de uma alternativa da classe para as lutas imediatas e históricas”, afirmou.

Nessa perspectiva, “não é secundário a Conlutas ter uma política para os setores oprimidos, entre eles as mulheres”, uma vez que o imperialismo e o governo utilizam a opressão para explorar ainda mais a classe trabalhadora, dividindo-a. Fontana criticou ainda as correntes que se negam a ter uma política para o setor, assim como a tradição estalinista, que se nega a levar uma política contra a opressão “para não dividir a classe”.

“É impossível acabar com a opressão sem acabar com a exploração e para isso tem que acabar com o capital”, disse, denunciando o machismo existente dentro da própria classe trabalhadora. Mariúcha terminou seu discurso chamando as ativistas a avançar num movimento classista de mulheres, a fim de oferecer uma alternativa da classe para as mulheres. “Queremos as mulheres nas trincheiras da luta pelo socialismo”, conclamou, chamando também a luta contra a opressão “no chão das fábricas e em todos locais de trabalho”, sendo efusivamente aplaudida.

Ao final, todos entoaram a palavra de ordem: “Eu sou mulher, estou na luta, construindo a Conlutas”.