O ENE terminou com propostas concretas para responder ao governismo da UNE e às necessidades dos estudantes em defesa da educaçãoO Encontro Nacional de Estudantes (ENE), realizado no dia 2 de julho em Sarzedo (MG), reuniu cerca de 800 pessoas de todo o país. A abertura do evento, com a apresentação de um vídeo da greve da Fundação Santo André (FSA), do ABC paulista, demonstrou o espírito de mobilização da atividade.

Joana Salay, estudante de Geografia da FSA, comemorou a vitória do ENE. “O encontro foi bastante representativo, com a participação de estudantes que realizaram as principais lutas do movimento estudantil em 2007 e 2008”, disse.

Na mesa de abertura, estavam a Executiva Nacional dos Estudantes de Letras e o DCE da UFMG. A Conlutas também esteve na mesa para fazer uma saudação. O representante da Exnel relatou a importância de estar acontecendo o encontro, sobretudo pela forma como foi construído. A idéia surgiu a partir de reuniões, convocadas entre outras entidades pela executiva, para debater a reorganização do movimento estudantil.

Atnágoras Lopes falou representando a Conlutas. Em sua fala, destacou a importância da unidade entre estudantes e trabalhadores. Para ele, é necessário que “os estudantes comprem como sua a luta da classe trabalhadora e que a classe trabalhadora também assuma a luta pela defesa da educação”. Ele elogiou, ainda, as ocupações de reitorias que, em sua opinião, “resgataram métodos de luta da classe trabalhadora”.

Um encontro democrático
Representantes de delegações internacionais, vindas da Argentina, Equador, Paraguai e Costa Rica, também estiveram presentes e fizeram saudações.

Estudantes secundaristas de todo o país compareceram ao ENE. Foi realizada uma plenária de estudantes de escolas secundaristas e técnicas para discutir as demandas e as lutas específicas destes estudantes. Aline Klein, do grêmio estudantil da escola Brasílio Machado (SP), disse que “esse movimento é novo porque consegue superar a burocracia que se instalou nas entidades estudantis nos últimos vinte anos e fazer a luta que precisa ser feita”.

Uma parte expressiva do ENE era composta por delegados ao 1º Congresso da Conlutas. Eles permaneceram em Minas e participam do evento que começa nesta quinta-feira.

Foram apresentados quatro textos de contribuição ao encontro. Eles refletem as diferentes posições sobre quais as saídas para melhor mobilizar os estudantes.

“O encontro foi uma grande vitória”, disse Camila Lisboa, da Coordenação Nacional de Lutas dos Estudantes (Conlute). Ela acredita que o ENE “refletiu, pelas saudações e pelo debate, o novo momento do movimento estudantil desde a ocupação da USP, uma maior radicalização e mobilização e um questionamento aos projetos do governo Lula que atacam a educação”.

Resoluções
Após os debates, foram votadas algumas resoluções. Dentre elas, duas merecem destaque. A primeira delas foi a elaboração de um plano de lutas que terá como eixo a mobilização contra o ReUni. Os estudantes vão propor ao congresso da Conlutas, a Frente de Luta e a todos os fóruns combativos do movimento estudantil, que esse plano seja realizado em conjunto.

Para concretizar o plano de lutas, os estudantes votaram uma calourada unificada em agosto e uma jornada de mobilizações contra o REUNI e a Reforma Universitária na 3ª semana do mesmo mês. Em setembro será a realizada uma semana nacional contra a repressão. Além disso, deverão ocorrer plenárias e encontros estaduais que organizem os estudantes nos estados.

A segunda resolução foi a indicação para que todas as entidades discutam a construção de um congresso nacional de estudantes para armar e organizar as lutas. O objetivo central desse congresso será debater amplamente uma resposta para seguir avançando nas lutas e organizar os estudantes após a falência da UNE como representante do movimento estudantil.

“O congresso deve refletir todos os estudantes em luta e a pluralidade de concepções de movimento estudantil em debate”, disse Camila. Ela disse, ainda, que, apesar de diferenças sobre os ritmos e as formas de organização, numa coisa todos têm acordo: é necessário construir um instrumento de luta alternativo à UNE, hoje defensora do governo federal e das políticas de precarização e privatização do ensino. Para avançarmos no debate e na construção de uma alternativa se faz necessário construir um Congresso Nacional de Estudantes amplamente democrático e pela base.