Plano de lutas e organização foram debatidos no Fórum Social MundialDurante todo o dia 30, cerca de 1.500 ativistas do movimento sindical, popular e estudantil de todo o país lotaram o ginásio Camisa 10 para discutir os próximos passos da luta contra as reformas do governo Lula e a organização da Coordenação Nacional de Lutas (Conlutas).

O Encontro apontou para a discussão, nas bases, dos próximos caminhos que a Coordenação deve trilhar. Cerca de 260 sindicatos e federações estiveram representados no evento, que também contou com representantes de 20 oposições sindicais e 30 DCEs.

Plano de lutas e organização
Durante o Encontro, foi apresentado um documento com a sistematização das propostas de consenso discutidas pelas entidades que compõem a Conlutas e, agora, serão levadas à discussão nas bases. As propostas giram em torno do caráter que a Coordenação deve ter e seu plano de lutas para 2005.

Uma das principais propostas é a criação de uma nova organização. Desta forma, a Conlutas, que hoje se organiza como uma frente, passaria a se constituir de fato como uma entidade. Para a Coordenação da Conlutas, a nova organização deve ser classista e abarcar também os movimentos populares e estudantis.

Após uma ampla discussão nas bases, um novo Encontro a ser realizado no segundo semestre deste ano, prepararia o I Congresso da Conlutas, no início de 2006. Apesar das divergências quanto ao caráter dessa nova organização, todas as opiniões serão incluídas no relatório final para o debate.

Além deste importante encaminhamento, o Encontro também indicou um Plano de Lutas. O calendário prevê o ato e o Encontro em Brasília, em setembro, a combinação das lutas gerais com as campanhas salariais e as lutas específicas de cada categoria, um Primeiro de Maio classista e uma semana de lutas nos estados, entre abril e maio. As datas das atividades serão acertadas nas próximas reuniões da Coordenação Nacional da Conlutas. O mote das atividades é a luta contra as reformas neoliberais de Lula.

“A Conlutas é pra ação, está surgindo uma nova direção”
A tônica das discussões foi o reconhecimento da falência da CUT como instrumento de luta dos trabalhadores e seu papel de agente do governo na implementação das reformas. A mesa foi composta por dirigentes das principais entidades que compõem a Conlutas, que se revezaram na coordenação dos debates.

“Basta que olhemos ao nosso redor, aqui neste encontro, para ver que a Conlutas é uma ferramenta viva, disposta a enfrentar as lutas e os desafios da classe trabalhadora”, discursou Atenágoras Lopes, do Sindicato da Construção Civil de Belém (PA), sendo bastante aplaudido pelo plenário.

Já José Maria de Almeida, da Federação Democrática dos Metalúrgicos de Minas Gerais afirmou: “O conjunto das organizações sindicais levaram para a base a discussão sobre a desfiliação da CUT. Agora, temos que ampliar o máximo possível esse processo e nosso arco de alianças com o seguinte critério de atuação: estar na luta”. Segundo ele, o Encontro deveria “levar às bases a discussão sobre a necessidade de uma nova organização”.

A necessidade de uma nova organização de luta a partir da Conlutas foi expressa na fala de muitos dirigentes sindicais. “É um momento de dar um passo adiante, mesmo que um passo cuidadoso. Momento de construir uma nova organização, combativa, classista e democrática”, defendeu Luiz Carlos Prates, o Mancha, do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos-SP.

Logo após as falas das entidades organizadoras da Conlutas, foi aberto espaço para defesa das teses apresentadas. Destoando da burocracia dos eventos cutistas, todas as teses apresentadas tiveram seu direito de defesa, sendo anexadas no relatório do Encontro para serem levadas à discussão nas bases.

No início, a diretoria do Andes apresentou um documento que se chocava com as propostas apresentadas ao Encontro pela Coordenação. Com a discussão, houve uma mudança que privilegiou os acordos existentes, deixando a questão da convocatória do Congresso para uma discussão posterior, na medida em que não houve ainda uma deliberação da entidade sobre o tema. Com a evolução da discussão a questão poderá se encaminhar para um acordo ou para uma polêmica a ser desenvolvida.

Internacional fecha Encontro
Após o dia inteiro de discussões, o Encontro também aprovou diversas moções de apoio às lutas dos trabalhadores no país e no mundo. Ao final, os ativistas deram um pequeno exemplo da disposição de luta demonstrada quando entoavam a Internacional, o equipamento de som quebrou, mas os participantes prosseguiram cantando. Ou seja, quando um instrumento não serve mais, os trabalhadores o deixam de lado e lutam com suas próprias forças.

CONFIRA OS PRINCIPAIS PONTOS QUE SERÃO DEBATIDOS NO PRÓXIMO PERÍODO

>> Construir uma nova organização para as lutas, que abarque os trabalhadores, os movimentos populares e estudantis.
>> Realizar uma Plenária Nacional para o segundo semestre do ano para preparar um Congresso nacional dos trabalhadores no início de 2006.

Plano de lutas
>> Impulsionar e unificar as campanhas salariais das categorias, colocando como eixo a luta contra as reformas do governo.
>> Realizar uma grande marcha em Brasília contra as reformas no segundo semestre de 2005.
>> Realizar uma semana de mobilizações em abril ou maio, contra as reformas.
>> Incorporar as reivindicações por reforma agrária, emprego e moradia.
>> Apoiar as Oposições Sindicais nos processos eleitorais que ocorrem no próximo período.

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