A tarefa agora é formar um Fórum de Lutas para defender os direitos dos trabalhadoresO Encontro Nacional contra as reformas, no dia 25 de março em São Paulo, representa um novo marco na reorganização dos trabalhadores. Após a posse de Lula, a integração da maior central da América Latina ao aparelho do Estado e uma série de ataques do governo, a classe trabalhadora finalmente começa a se reerguer e impulsionar a organização contra as reformas neoliberais do governo.

O dia 25 coloca, ainda, a possibilidade da formação de uma frente contra as reformas neoliberais. Desde a convocação do encontro até sua preparação, diversas entidades sindicais e movimentos populares e sociais se somaram à sua construção.

Além da Conlutas, incorporaram-se à organização do encontro o FST (Fórum Sindical dos Trabalhadores), que reúne 14 confederações nacionais, a Intersindical, MTL, MTST, CEBs e Pastorais Sociais de São Paulo, Andes-SN, Assibge, Cobap, Condsef, Fenafisco, Fenasps, Sinait e Sinasefe. Reafirmando a ampliação do leque de entidades que convocam o evento, o MST também se somou à preparação do encontro.

Desta forma, o Encontro Nacional coloca a possibilidade de um grande salto de qualidade na construção da unidade em torno da luta contra as reformas de Lula e os ataques do governo. Da mesma maneira, mostra a necessidade inadiável da elaboração de um plano de lutas unificado em defesa dos direitos dos trabalhadores.

Reformas no alvo do Plano de Lutas
Além de constituir um importante ato político contra as reformas, o Encontro Nacional deve impulsionar a proposta de um Plano de Lutas. A reunião realizada no dia 1° de março entre a Conlutas e diversos setores que organizam o dia 25 (FST, Intersindical, Pastorais Sociais de São Paulo, MST, Conlute, Frente de Luta contra a Reforma Universitária) aprovou a proposta de um Plano de Ação para ser apresentado aos demais setores que participam do encontro.

O principal ponto do Plano é a luta contra a reforma da Previdência, cuja elaboração já está em curso através do chamado Fórum Nacional da Previdência Social, instaurado pelo governo. Além disso, a mobilização contra a destruição da Previdência pública deve vir acompanhada da luta contra a reforma universitária e tributária, também em curso.

No entanto, embora esses ataques estejam mais avançados, o Plano de Lutas reafirma a importância de se denunciar as demais reformas que estão sendo preparadas pelo governo, como a reforma sindical e trabalhista. Da mesma forma, a luta contra esses ataques deve se dar de forma combinada com as mobilizações e reivindicações já existentes no movimento.

Unir as mobilizações
Por isso, o Plano de Lutas propõe a anulação do leilão da Vale do Rio Doce e chama à luta contra a privatização da Petrobras e os leilões das reservas de petróleo. Além disso, o Plano ataca as vendas de ações do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal, e as PPP’s (Parcerias Público-Privadas), que causaram o desastre na linha 4 do metrô em São Paulo.

O Plano de Lutas também defende mobilizações por emprego; redução da jornada de trabalho; contra o PAC, que só traz mais ataques aos trabalhadores; por moradia e reforma agrária; aumento do salário mínimo e das aposentadorias; contra a transposição do Rio São Francisco, que só beneficia usineiros e latifundiários contra a população que depende do rio. O plano também chama à defesa dos serviços públicos contra o desmonte imposto pelo governo, além das demais lutas e mobilizações impulsionadas pelos trabalhadores.

Calendário
A proposta de Plano de Lutas defende ainda o fortalecimento do calendário de lutas já deliberado pelas entidades e movimentos. Nesse sentido, no dia 28 de março ocorre um ato nacional de protesto dos aposentados, impulsionado pela Cobap em São Paulo. Em abril, o MST e a Via Campesina promovem o “Abril Vermelho”, em defesa da luta por reforma agrária e contra a violência no campo. Já na Semana da Pátria, em setembro, defende o plebiscito nacional pela anulação do Leilão da Vale do Rio Doce.

Além desse calendário já definido, as entidades que constroem o dia 25 propõem ainda um 1º de maio com grandes manifestações massivas contra as reformas em todo o país. Entre os dias 28 de maio a 3 de junho, a idéia é realizar uma Semana Nacional de Lutas, com atos públicos, paralisações, bloqueios de estradas, etc.

Para o final de maio e início de junho, o plano propõe a realização de um debate ou seminário no Congresso Nacional sobre a reforma da Previdência. Com a presença de personalidades contrárias aos ataques à aposentadoria, o evento seria uma contrapartida dos trabalhadores ao Fórum de Lula. Tais mobilizações ajudariam a criar uma consciência crítica contra as reformas, esquentando os motores para uma grande manifestação em Brasília no começo do segundo semestre.
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