Uma das mesas do encontro

Aconteceu no último fim de semana, em São Paulo, o V Encontro de Mulheres do PSTU. Foram três dias de intensos debates, que reuniram 68 delegadas e 53 convidados, dos quais 13 eram homens. Os militantes vieram de 18 estados de todas as regiões do país.

A luta contra todas as opressões é uma tradição e um princípio de nossa organização, à qual é dada muita importância. Este encontro aconteceu num momento especial da conjuntura do país e mundial.

O primeiro dia foi marcado pelo debate de conjuntura e a necessidade de atualizar o programa do partido para atender às principais reivindicações das mulheres trabalhadoras. Apesar de todas as mulheres sofrerem opressão, elas não são todas iguais. O PSTU se dirige às mulheres trabalhadoras que, diferentemente das burguesas, sofrem a exploração.

No Brasil, foi eleita a primeira mulher à presidência, Dilma Rousseff. Apesar de ser um fato histórico, para as participantes, o mandato de Dilma está longe de representar conquistas para as mulheres da classe. Pelo contrário, dias antes do encontro, a presidente vetou o Projeto de Lei que previa salário igual para trabalho igual. Atualmente, as mulheres recebem em média 30% a menos que os homens.

“As reformas previstas vão prejudicar as mulheres. As políticas do governo são ilusórias, não vão tirar a mulher da situação de violência, exploração e opressão”, disse Rosângela Calzavara, metalúrgica e militante de São José dos Campos.

No mundo, a crise não dá trégua à Europa, e a classe trabalhadora está sendo levada às ruas para impedir os ajustes fiscais que retiram seus direitos e aumentam a exploração de seu trabalho. No Oriente Médio e no Norte da África, lutas contra as ditaduras tem arrastado milhões de pessoas às ruas.

Em todas essas batalhas, as mulheres têm assumido um papel de destaque, o que é bastante coerente, já que são as mais atacadas. No mundo árabe, em especial, as mulheres começam a romper com as tradições machistas que as colocavam num grau de subordinação incondicional aos homens e eram tratadas como meros objetos reprodutores e serviçais.

Com os pés na realidade
Grupos temáticos discutiram temas como mercado de trabalho, violência, situação das mulheres negras, lésbicas e jovens, saúde, aborto entre outros. Desses debates, saíram as propostas de atualização programática que foram votadas no último dia.

As participantes do V Encontro debateram a importância de participar das lutas concretas e cotidianas das mulheres trabalhadoras. O entendimento do encontro é de que é preciso oferecer um espaço para que as trabalhadoras se identifiquem e lutem por seus direitos.

Nesse sentido, foi aprovada a participação e a construção do Movimento Mulheres em Luta da CSP-Conlutas (MML). “Nosso encontro nos arma para organizar as mulheres ao lado dos homens trabalhadores para enfrentarmos juntos os ataques que virão à nossa classe”, disse Ana Luíza Figueiredo, militante de São Paulo que é pré-candidata a prefeita da capital paulista.

Organizadas para lutar pelo socialismo
O último ponto do encontro foi a eleição da Secretaria Nacional de Mulheres do partido. Ana Pagu, militante de São Paulo, assumiu a direção da secretaria no próximo período. “O V Encontro foi uma grande vitória de nossa organização. Com um rico e qualificado debate, reafirmou a necessidade de incorporar as bandeiras das mulheres como parte da luta pelo socialismo, atualizou nosso programa e ratificou a necessidade de construirmos o Movimento Mulheres em Luta”, disse.

Martina Gomes, militante da juventude em Porto Alegre, participou pela primeira vez de um encontro de mulheres do partido. Para ela, o evento foi muito bom, “não só porque discutiu programa e táticas para o movimento, mas porque o nível político demonstrou que as regionais estão refletindo, elaborando”.

“O encontro foi excelente, porque reuniu as militantes para elaborar um programa revolucionário contra a opressão da mulher”, avaliou Ana Luíza. “Diante do avanço da crise capitalista, as mulheres sofrerão cada vez mais a barbárie deste sistema”, afirmou.

“O resultado foi uma atividade emocionante, com militantes fortalecidas e o partido melhor armado para enfrentar o governo de Dilma e apresentar uma alternativa de classe às mulheres trabalhadoras”, concluiu Ana Pagu.