O grupo formado para discutir a opressão a negros e negras, mulheres, gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros (GLBT) dentro das escolas, universidades e do próprio movimento estudantil , reuniu mais cerca 100 jovens de todos os cantos do país.

Saudado como mais um diferencial entre o que é a UNE, que durante toda sua história secundarizou ou menosprezou inteiramente este debate, e o que a Conlute pretende ser, o debate contou a contribuição de uma enorme parcela dos participantes.

A forma como a Conlute deve encarar a discussão sobre o combate à opressão machista, racista e homofóbica foi praticamente consensual: é necessário combinar o combate à opressão com a luta contra a exploração capitalista; ou seja, diferentemente do que faz a maioria das entidades que se dedicam este tema, a Conlute entende a luta dos oprimidos como parte da luta contra o sistema capitalista e, portanto, como uma questão também de classe.

Nesse sentido, a Conlute também denunciará o nefasto papel que o governo Lula também está cumprindo nesta área. Apesar de muita conversa, da existência de duas Secretarias/Ministérios voltadas para temas da opressão (Mulheres e Igualdade Racial) e da apresentação de um calhamaço intitulado “Brasil sem homofobia”, o governo petista — devido às suas alianças e prioridades neoliberais subordinadas ao FMI e aos interesses da conservadora elite brasileira — não tem feito absolutamente nada sobre o tema. Pelo contrário. Suas política preservação e reforçam a discriminação e a opressão.

Outro tema abordado pela maioria dos participantes foi a necessidade de organizar, no interior, das escolas todos os setores oprimidos, não só criando Secretarias de Opressões no interior das entidades que compõem a Conlute, mas também abrindo espaços para que mulheres, negros e negras e GLBT se organizem.

Dentre as várias outras propostas que serão encaminhadas ao plenário, a única polêmica foi a sobre cotas. A Juventude e a Secretaria de Negros e Negras do PSTU defendeu a política de cotas, denunciando, ao mesmo tempo, a proposta rebaixada apresentada no interior da Reforma Universitária (formulada com o objetivo de ganhar o apoio do movimento e a população negra para sua política) e o vergonhoso Programa Universidade para Todos, que visa destinar vagas nas universidades privadas.

Defendendo uma real política de cotas, proporcionais à população negra, que seja acompanhada de um projeto de permanência, formação e assistência, financiado com o não pagamento da dívida externa, o PSTU defendeu a necessidade de traçar uma política que reconheça os inúmeros malefícios criados pelo racismo e, conseqüentemente, a necessidade de adotar medidas específicas para negros e negras.

Outras propostas incluem a defesa da construção de creche nas escolas, a defesa do direito ao aborto, em hospitais públicos, a participação de iniciativas dos movimentos de mulheres, negros e GLBT, como campanhas de denúncia e atos, como os do 8 de março, 28 de junho e 20 de novembro, além de buscar uma atuação conjunta como os movimentos dos oprimidos, inclusive aqueles que congregam negros e negras que estão fora das escolas universidades, como é o caso do HIP HOP.