Delegação de Minas faz campanha financeira para custear viagem
Paollo Rodajna

Delegações enfrentam horas de viagem e organizam campanhas financeiras para irem ao encontro

Foram diversas as tentativas de criminalizar e boicotar, mas não o suficiente para impedir que representantes sindicais, estudantis e populares do Brasil inteiro se reunissem no Encontro da Unidade de Ação “Na Copa Vai Ter Luta”. Na sexta-feira, dia anterior, também na quadra dos metroviários aconteceu a abertura do Encontro Nacional de Negras e Negros da CSP-Conlutas, e no dia seguinte, mesmo com o pouco espaço para as mais de 2,5 mil pessoas, ocorreu o Encontro de Unidade de Ação.

O ato serviu para unificar a luta das trabalhadoras e trabalhadores e estudantes de todo o país antes e durante o Mundial da Fifa, e muitos ativistas deram verdadeiros exemplos de disposição, se deslocando até São Paulo para participarem das discussões. Mais que isso, num momento em que as principais centrais sindicais, como a CUT, contam com fartos recursos do governo e de empresas para realizarem seus eventos, os ativistas se desdobraram em inúmeras campanhas financeiras para garantirem a ida a São Paulo e a independência financeira.

Foi o caso da caravana do Pará. Os militantes, como informou a companheira Well, saíram 6h30 da manhã numa viagem de três dias que cruzou o país até chegarem em São Paulo. Para garantir parte do pagamento do ônibus, eles realizaram rifas e organizaram um pré-Encontro de Negras e Negros, quando venderam comida em mais uma campanha financeira. Já em São Paulo, rifaram uma tradicional cachaça de jambu, venderam bombons e castanhas.

Outro exemplo foram os companheiros de Minas Gerais que,  como explicaram Clayton e Ana Carolina. Para arrecadarem dinheiro e bancar a viagem da caravana mineira , a militância se mobilizou, fez rifas, dentre elas uma no Quilombo Raça e Classe e outra na Ocupação Willian Rosa, venderam cerveja no carnaval e camisetas da “UFMG sem catraca” junto do pessoal da universidade e camisetas da Frida Kahlo. A campanha garantiu metade do dinheiro para os dois ônibus que saíram na quinta (20) e para o outro de sexta (21). No evento eles montaram suas mesas e rifaram uma cachaça mineira, venderam camisetas e lindas fotos da Ocupação William Rosa.

E esses são dois exemplos que resumem a vontade de tantas lutadoras e lutadores de todo o país, e a importância que esses ativistas dão para a independência financeira e política, princípios infelizmente abandonados por grande parte de setores dos movimentos sociais e populares. Independência essa capaz de garantir a organização das lutas que realmente interessam à classe trabalhadora, como o calendário definido nos encontros e que apontam que, querendo ou não o governo, “na Copa vai ter luta!”.