As gravações que revelam detalhes do esquema de corrupção nos Correios, publicadas pela revista Veja, indicam também a existência de uma disputa entre dois grupos, um ligado ao PTB e outro ao PT, em processos de licitação da empresa.

Em trechos da gravação, Mauricio Marinho conta como uma licitação preparada pela diretoria de Tecnologia dos Correios foi cancelada pela diretoria de Administração, controlada na época pelo petebista Antônio Osório. A diretoria de Tecnologia é comandada por Eduardo Medeiro, que por sua vez foi indicado ao cargo por Silvio Pereira, secretário-geral do PT. Segundo Marinho, a Novadata acertou um esquema com a diretoria da Tecnologia para faturar a licitação dos Correios, mas não “combinou” nada com a diretoria do PTB.

A licitação previa a compra de 43 conjuntos de computadores e estava sendo vencida pela Novadata. “Na última licitação que eles pensaram que iam ganhar, deu problema. Não tinha nada acertado aqui. Acertaram na Tecnologia. Era um processo licitatório de R$ 50,6 milhões. Aí eles chegaram lá embaixo (Comissão de Licitação) e só tinha Novadata, Positivo e uma outra. O que eles fizeram? Acertaram com o cara lá de baixo”, explica Marinho que ainda completa – “Eles tinham acertado com a área da tecnologia. Com aquele segundo da área de tecnologia (…) Como perceberam que só estavam eles, acharam que podiam ganhar mais (…) Ligaram para o cara da tecnologia. Só que esqueceram de combinar com o lado de cá”.

O “desentendimento” levou a diretoria (ligada ao PTB) a cancelar a compra de 13 mil computadores.

Mais favorecimento
Marinho também revela um outro favorecimento feito pelos Correios a Novadata. Nas suas descaradas declarações ele diz que a empresa teria pago para reajustar o valor do que teria a receber dos Correios, pois entre a assinatura do contrato e o fornecimento do material houve, na época, uma alto do câmbio do dólar.

Amigo de Lula
A Novadata é presidida por Mauro Dutra, que por sua vez é compadre e amigo de Lula. Desde o início do governo petista a empresa faturou ao menos R$ 273,5 milhões em contratos com o governo. Com a Empresa de Correios e Telégrafos, a Novadata fechou três contratos desde que Lula assumiu, totalizando em vendas cerca de R$ 15,3 milhões. No entanto, os maiores negócios da empresa foram com a Caixa Econômica Federal e estiveram relacionados à multinacional GTech, envolvida com os escândalos de corrupção revelados pelo caso Waldomiro.

O compadre do presidente Lula também dirige a ONG Ágora, acusada de desviar R$ 900 milhões do Fundo ao Amparo ao Trabalhador (FAT).