“Não há o que contestar”, diz vice-presidente da EmbraerA audiência pública que discutiu as milhares de demissões foi marcada por críticas à direção da Embraer. Zé Maria, dirigente da Conlutas, expôs em detalhes a denúncia de que o controle acionário da empresa está nas mãos de investidores estrangeiros, o que é vetado por lei.

“A empresa, na verdade, não é brasileira. Ela tem, segundo seu próprio balanço, 54% das ações negociadas na Bolsa de Valores de Nova York, e 45,4% na Bovespa. A empresa hoje, segundo os dados que levantamos, é propriedade dos fundos de investimentos estrangeiros, em afronta à lei 8.031, de 1990, que proíbe mais de 40% do capital em mãos estrangeiras”, denunciou.

Zé Maria destacou ainda que a composição acionária negociada na Bolsa de Nova York ou na Bovespa é divulgada pela própria Embraer. Já as ações que estão em posse do capital nacional e estrangeiro são dados de um banco norte-americano.

O vice-presidente da empresa, Horácio Forjaz, em sua resposta à denúncia, confessou publicamente que a Embraer está, hoje, sob controle acionário privado. “A Embraer passou por uma reestruturação societária em 2006, que extinguiu o seu antigo grupo de controle e a tornou uma empresa de capital pulverizado”, disse. Sobre a maioria do capital estrangeiro na composição da empresa, Forjaz não teve o que retrucar: “Não há o que contestar”.

O executivo tentou justificar isso afirmando que a empresa teria adotado medidas para garantir, administrativamente, o controle nacional da empresa. Não contestou, porém, a ilegalidade da situação.

Zé Maria destacou que, por ser estrangeira, a empresa não tem compromisso com o país, os empregos e muito menos com a estratégia, mas somente “com o lucro rápido e fácil”. A reestatização da empresa, segundo o dirigente, “é uma necessidade, não somente pela sua prepotência e arrogância, mas também por uma questão de soberania”.

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