Começo a escrever este post do avião, que nos leva ao Panamá, onde pegaremos outro voo, desta vez para o Brasil.

O último dia da visita da delegação foi bastante corrido. Fomos a um encontro com professores e estudantes da Faculdade Haitiana de Ciências Sociais.

Cerca de 50 pessoas participaram da reunião, na qual a delegação demonstrou sua posição de solidariedade ao povo haitiano e demonstrou a convicção de que o país não necessita de tropas militares estrangeiras em seu território.

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, Vivaldo Moreira Araújo, falou sobre a solidariedade dos trabalhadores brasileiros ao povo haitiano.

“Fizemos assembleias em várias fábricas da nossa região, como a General Motors, nas quais os trabalhadores aprovaram doar parte de seus salários às organizações dos trabalhadores, como a Batay Ouvriye. Acontece que as empresas simplesmente estão se negando a fazer o desconto na folha de pagamento, situação que já denunciamos, inclusive, na OIT”, relatou Vivaldo.

“Trata-se de um claro ataque à decisão soberana dos trabalhadores e à campanha de solidariedade aos trabalhadores haitianos”.

Intercâmbio com estudantes e professores haitianos
No encontro, também foi articulada a construção de um canal de intercâmbio de informações entre os professores e estudantes do Haiti e do Brasil.

“Da mesma forma que no Haiti, os professores universitários brasileiros são alvo da política neoliberal, em nosso país comandada por Lula. Estamos dispostos a trocar experiências e ajudar, no que for possível, os docentes haitianos”, disse a diretora do Andes Cláudia Durans.

Os estudantes haitianos têm um protagonismo político muito significativo. Foram eles que apoiaram a luta dos trabalhadores por um salário mínimo de 200 gourdes diários, em 2009. Houve muitos enfrentamentos e o professor Jean Anil Louis-Juste, linha de frente das mobilizações, foi assassinado horas antes do terremoto de 12 de janeiro.

De volta ao Brasil
No embarque de volta ao Brasil, enfrentamos um pouco do caos que vive o aeroporto de Pronto Príncipe, com um atendimento improvisado em conteiners para atender os passageiros.

De qualquer forma, no fim das contas, deu tudo certo, e a delegação volta ao Brasil neste domingo, por volta das 5 horas da manhã. Na bagagem, a lembrança das inúmeras atividades desenvolvidas e dos rostos de tantos haitianos, que, embora castigados por tantas adversidades, não deixam de sorrir e de lutar.

Até breve, Haiti!