Em todo o mundo cresce uma onda de lutas contra o imperialismo. Esta onda vem acompanhada de uma importante conclusão: que o inimigo dos povos é o governo norte-americano, gerando uma espécie de sentimento anti-USA. Esse sentimento se espalha pelos países oprimidos, levando a que o anti-imperialismo, às vezes apareça sob a forma do ‘anti-americanismo’.
E não é somente nas praças e campos do mundo árabe ou da América Latina que esse fenômeno está crescendo. Mesmo na Europa, as ameaças crescentes de envolver todo o mundo em uma nova escalada militar para saciar a sede da rapina imperialista estão levando a um deslocamento à esquerda na juventude e em amplos setores dos trabalhadores.

A mobilização contra a guerra cresce como um rastilho de pólvora

Uma sucessão de marchas e mobilizações já começou a tomar conta das ruas de todo o mundo, em particular da Europa e dos Estados Unidos. E, dessa vez, a organização de comitês e atos de protesto está sendo bastante forte, antes mesmo da invasão do Iraque se consumar.
A manifestação de 28 de setembro em Londres foi considerada a maior desde a II Guerra Mundial, variando os cálculos de 350 mil a meio milhão de pessoas que vieram de todas as partes do país mostrar seu desprezo a Tony Blair e o repúdio à guerra que se prepara contra o Iraque.
Mesmo nos EUA, onde, por motivos óbvios, a pressão militarista, patriótica e anti-terror são mais acentuadas, no dia 26 de outubro, uma grande manifestação em Washington marcou um desafio a Bush. Cerca de 100 mil pessoas tomaram as ruas para fazer a “maior demonstração antibelicista desde a guerra do Vietn㔠e dizer entre outras coisas: “dinheiro para empregos, não para a guerra” e “parem a guerra contra o Iraque”.
O grande fato recente foi a manifestação européia de 9 de outubro, por ocasião do Fórum Social de Florença, logo após o anúncio da resolução da ONU aceitando a posição dos EUA. A massiva participação da juventude e de trabalhadores de todo o Continente demonstrou que o fenômeno é pan-europeu e cada vez mais coordenado, segundo a descrição da própria CNN:
“Uma passeata com a participação de pelo menos 400 mil pessoas nas ruas da cidade de Florença, segundo números da polícia e dos organizadores. A manifestação já estava programada como um dos eventos do Fórum Social Europeu – uma reunião de grupos contrários à globalização -, mas ganhou um objetivo novo e maior depois da votação na ONU. Desde a madrugada, centenas de ônibus especiais e cerca de 20 trens começaram a chegar a Florença, trazendo manifestantes de toda a Europa. ‘Este é o primeiro protesto continental contra a Guerra e acho que é vital, por ter um impacto real’, comentou um ativista do grupo britânico Globalise Resistance. ‘Há tanta oposição – e forte – contra a guerra que acho que poderemos impedi-la’, concluiu”.
Diferentemente do que ocorreu na guerra contra o Afeganistão, a combinação de crise econômica, o ascenso estendido a escala mundial e a violência da ofensiva do imperialismo norte-americano, que o faz aparecer claramente não como defensor da “liberdade” ou da “intervenção humanitária”, mas como o responsável direto por uma guerra de conquista colonial sem muitos disfarces, está colocando a possibilidade de um movimento muito amplo e estendido internacionalmente que possa fazer Bush e seus aliados recuarem ou, no mínimo, pagarem caro o preço de uma invasão ao Iraque e da opção da guerra sem quartel contra os povos. Está colocada a possibilidade de impor uma importante derrota à ofensiva imperial.
Por fim, a luta conta a guerra também segue no próprio Oriente Médio. No dia 29 de novembro comemora-se o Dia da Terra do Povo Palestino. Haverá mobilizações na região e há uma chamado a mobilizações em vários países da Europa e nos EUA. É necessário que também no Brasil, as organizações do movimento operário e popular busquem organizar, junto com a comunidade palestina, manifestações de apoio ao Dia da Terra.
Post author José Weil,
da revista Marxismo Vivo
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