Protesto em São Paulo diz não ao imperialismo e exige o “Fora Lula do Haiti”Ao todo, foram cerca de trinta mil manifestantes em todo o Brasil, nos principais atos de protesto contra a visita de George W. Bush. São Paulo, maior cidade do país e local onde Bush foi recebido por Lula, teve o maior ato, com mais de 10 mil pessoas, que enfrentaram uma dura repressão. Em pelo menos outros 17 estados também houve atos de repúdio.

Em São Paulo, a população se revoltou com os transtornos causados pela visita do presidente norte-americano. O trânsito foi interrompido em vários lugares. Pessoas que moravam em barracos nas ruas por onde Bush passaria foram sumariamente despejadas. Fachadas foram pintadas. Tudo para que o presidente dos Estados Unidos encontrasse uma cidade impecável. E muito distante da realidade…

Mulheres contra Bush
A mobilização do 8 de março em São Paulo reuniu mais de 10 mil pessoas e se transformou em um enorme protesto antiimperialista. A manifestação começou com uma concentração na Praça Osvaldo Cruz e seguiu em passeata até o Masp.

As falas das mulheres expressaram a necessidade da luta contra a opressão. O Bloco Classista e Feminista, formado por PSTU, PSOL, Mulheres do PCB, LER-QI, Conlutas e Intersindical, teve grande destaque. O Bloco lembrou o papel criminoso que o governo brasileiro cumpre ao liderar a ocupação do Haiti e diversos ativistas entoaram “Fora já, fora já daqui, Bush do Iraque e Lula do Haiti!”.

Na medida em que avançava, a passeata ia crescendo, chegando a ter mais de 12 mil pessoas. Populares que assistiam das calçadas acabaram se somando à multidão de ativistas. Aqueles que só passavam manifestavam apoio. Foi o maior ato antiimperialista no Brasil nos últimos anos, ocupando toda uma via da Av. Paulista.

Violência policial
Ativistas tentaram fechar a avenida quando chegavam em frente ao Masp. Mais uma vez, a reação por parte da polícia foi uma verdadeira selvageria. PMs desceram dos carros e bateram em quem estivesse pela frente. Gás pimenta e lacrimogêneo foram lançados indiscriminadamente.

A polícia chegou a invadir a marcha e iniciou uma nova pancadaria, utilizando porretes, gás, balas de borracha e bombas.

Muitas mulheres ficaram feridas. Um ativista foi atingido por uma bala de borracha na perna. Uma companheira ficou gravemente ferida por estilhaços de bomba e teve de ser levada às pressas para um hospital.

A repressão policial não é culpa apenas do governo estadual de São Paulo, dirigido por José Serra. Também é culpa do governo Lula. A repressão foi produto de todo um operativo, cujo objetivo era isolar da comitiva de Bush todo e qualquer tipo de protesto. Tal operação foi coordenada pelo governo federal e pala Agência de Inteligência Americana (CIA).

Caça ao Bush
Apesar da repressão, os protestos não cessaram. No dia seguinte ao grande ato da Paulista, cerca de 100 estudantes da Conlute saíram a “caça de Bush”. Eles carregavam faixas e seguiam em direção ao Hilton Hotel, onde Bush almoçaria com Lula. No trajeto, os estudantes cruzaram com a comitiva de Laura Bush, primeira-dama dos EUA.

Próximos ao Hilton, os manifestantes se juntaram a outros ativistas. O ato se encerrou com a queima da bandeira dos Estados Unidos. Enquanto isso, dentro do hotel, Lula e Bush compartilhavam um almoço de luxo, acompanhados pelas respectivas esposas, pela secretária de Estado norte-americana, Condollezza Rice, e pelo ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim. A tranqüilidade do almoço, entretanto, foi abalada pelos gritos de protesto que não puderam ser abafados.
Post author
Publication Date