Nesta quarta-feira, 2 de abril, os trabalhadores dos Correios de São Paulo reafirmaram a manutenção da greve da categoria em assembléia realizada na Praça da Sé, no centro da cidade. Os trabalhadores rejeitaram a proposta do governo de prorrogar por três meses o pagamento do abono emergencial de 30% sobre os salários. O acerto estabelece que, ao final de três meses, esse bônus pode se tornar definitivo para ser pago como adicional de risco. O problema é que o governo se recusou apresentar a proposta por escrito. Por isso, a base rejeitou o acordo.

Até o final da tarde de quarta, 22 estados ainda estavam em greve. Mais de 90% dos carteiros se encontra de braços cruzados. Em Pernambuco, também aconteceu assembléia no dia 2. Os trabalhadores deliberaram pela continuidade da greve. “Devemos ficar atentos, com bastante cuidado, analisar a ‘nova´ proposta, pois, os acordos e termos assinados pela ECT e seus representantes geram em nós, agora mais do que nunca, desconfiança”, diz nota do Sintect-PE..

Em São Paulo, nova assembléia acontece nesta quinta-feira, às 15h, na Praça da Sé. Ao final da assembléia de quarta, o Portal do PSTU entrevistou Ezequiel Ferreira, membro da categoria e integrante da oposição da Conlutas. Veja, abaixo, como foi a conversa.

Portal do PSTU – Qual é a sua avaliação dessa assembléia e da greve em nível nacional?
Ezequiel Ferreira
– A assembléia é a expressão de que a greve está forte. Há um amplo espaço para a expansão desta greve não só nos CDDs como nos outros setores, como os centros de triagem, para atingirmos outros setores da categoria que ainda não aderiram, onde estão, por exemplo, os atendentes comerciais.

Como você está avaliando a atuação do sindicato?
Ezequiel Ferreira
– O sindicato (de São Paulo, dirigido pela CTB/PCdoB) está trabalhando contra a greve. Primeiro chamou a assembléia de greve para um local distante. Mas, mesmo assim, nós conseguimos travar uma dura batalha na assembléia e reverter isso e por uma ampla maioria, com cerca de dois mil trabalhadores na base votando pela greve. Eles (o sindicato) tiveram apenas 30 votos pra manter a assembléia naquele local. A maioria votou pela assembléia na Praça da Sé.

E agora o sindicato não organiza os comandos. Na assembléia de hoje, sequer houve informes das regiões. Temos de organizar um comando de greve. Mais importante do que isso é transformar essa greve, que é uma greve de carteiros, numa greve de todos os trabalhadores dos Correios. Isso é possível. A reivindicação não é só uma reivindicação de carteiros. A questão da PLR é muito importante. A questão do Plano de Cargos e Salários é muito importante. E devemos lutar pela ampliação dos 30% do adicional de risco para toda a categoria, isso é fundamental.

O sindicato não faz nada pela greve e tem como objetivo cansar a categoria pra depois derrotar a greve. Hoje, por exemplo, nós tínhamos aqui todas as condições para fazer uma passeata pelo centro de São Paulo, mas o sindicato se recusou a fazer isso, e usou como argumento que a polícia não deixou. É isso que não pode acontecer e a batalha que nós vamos travar na assembléia de amanhã é buscar organizar a greve e um comando para conquistarmos nossas reivindicações.