Líder do Movimento por Moradia do Centro, da capital paulista, Luiz Gonzaga da Silva, o Gegê, foi preso em 2004 e é acusado de um crime que não cometeu e para o qual se conhece o verdadeiro culpadoNesta quinta, não é só no Rio que acontecerá manifestação contra perseguições políticas. Em São Paulo, às 19h, uma audiência pública na Assembleia Legislativa vai exigir liberdade para Gegê, militante do movimento sem-teto. O evento é organizado pelo deputado estadual Carlos Gianazzi e pelo Comitê Lutar não é Crime.

Líder do Movimento por Moradia do Centro, da capital paulista, Luiz Gonzaga da Silva, o Gegê, foi preso em 2004, dois anos depois do crime. Ele é acusado de ter matado um morador de um acampamento em 2002. Na ocasião, dois homens, o verdadeiro assassino e a vítima, se desentenderam, culminando no crime. Nenhum dos dois fazia parte do movimento.

No entanto, o episódio foi o pretexto que o Estado – na época, governado por Mário Covas – e as autoridades queriam para criminalizar o movimento. Segundo o Comitê Lutar não é Crime, o homem que matou o morador já foi identificado, mas nunca foi procurado nem investigado.

A história se repete
Esta é uma história bastante conhecida dos lutadores e lutadoras brasileiros. A ditadura acabou, mas não levou com ela a repressão. Aliás, é bastante simbólico que estes atos aconteçam justamente no dia 31 de março, quando se completam 47 anos do golpe militar.

Desde que Gegê foi preso, vários governantes se sucederam nos governos estadual e nacional, e ele continua incriminado por algo que não fez. Nem mesmo Lula – e Dilma sinaliza na mesma direção -, que foi perseguido, acabou com o serviço de inteligência como espião da vida de militantes e de movimentos sociais. Como disse a própria Abin, em documento confidencial de 2003, é preciso vigiar “movimentos, ações ou indícios, de qualquer origem, que abordem a questão da pobreza em âmbito sul-americano”.

Assim como Gegê, os presos do Rio também não são culpados, e o governo, a polícia, a Justiça sabem disso. O motivo não é punir ninguém por algum suposto crime. É calar aqueles que ousam se levantar e protestar. Por isso, a saída não é sucumbir à repressão. Pelo contrário, os movimentos precisam gritar ainda mais alto e dizer que não vão aceitar a criminalização dos que lutam.