Transformadas em vitrine eleitoral do governador Geraldo Alckmin (PSDB) e palco de experiências do modelo educacional proposto pelo Banco Mundial para a América Latina, as Faculdades de Tecnologia (FATECs) e Escolas Técnicas do Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza, autarquia estadual vinculada a UNESP, passam por uma grave crise. A criação desenfreada de novas unidades sem aumento no orçamento, falta de professores e servidores e arrocho salarial da categoria e a preparação para que os cursos deixem de ser superiores levaram a uma greve que se iniciou em fevereiro. A adesão chega a 94% dos professores e de 11 mil alunos e o vestibular de meio de ano já foi suspenso na maioria das unidades.

“A categoria não tem reajuste há nove anos, com perdas de 72,2% no período, enquanto o governo mais que dobra o número de faculdades. Não existe condições de trabalhar assim”, afirma o professor Marcelo Capuano, membro da Comissão de Negociação e Mobilização. Apesar da inauguração de novos cursos e escolas e das aposentadorias desde a reforma da Previdência, não houve realização de concurso para contratar novos servidores.

O Superintendente do Centro Paula Souza, Marcos Monteiro, também tesoureiro do PSDB, e o governo do Estado não negociam e ameaçam demitir nos próximos dias os grevistas. Alegam que não tem como aumentar investimentos e realizar o reajuste salarial por causa da Lei de Responsabilidade Fiscal, alem de já não considerar os cursos da FATEC como superiores, e sim como “pós-médios”.

Apesar da greve ter recuado em algumas escolas técnicas, o movimento segue com apoio e participação entre os estudantes das FATECs, que realizaram vários atos para chamar a atenção e pressionar o governo a negociar, muitos deles deturpados pela imprensa burguesa. “A criação de novos cursos e unidades sem qualidade nenhuma, sequer o ensino pode ser considerado universitário, voltado para uma formação profissional imediatista e de baixo custo”, declara o estudante Luís Gustavo, do Comando de Greve. Para o estudante Felipe Xavier, a participação dos estudantes é fundamental para a vitória do movimento. “Apesar do imobilismo do Centro Acadêmico, que não fez nenhuma discussão com os estudantes, e do DCE, que apareceu apenas para pedir apoio a Reforma Universitária do Governo Lula, temos nos organizado para lutar e mostrar ao governo e a sociedade que essa greve não é só de professores, e sim nossa também”, afirma Felipe.